terça-feira, 14 de abril de 2015

Carpe diem

Não adianta moer mais a cabeça
em conjugações de tom imperativo
expedições cuidadosas nas ordens
na exploração noturna da harmonia
havendo problemas de hardware

Não adianta consumir erudição
escolástica de latim imagético
em libidinosos e esconsos becos
na procura do par que lhe compete
havendo problemas de hardware

Não adianta zelo de semiótica  
a mensagem não segue até os pés
se  o coração está em fibrilhação
e perros os pés justos e perfeitos
haverá problemas de hardware

Não adianta se as deambulações
perdem regularidade que o par
antes uma luva em bilros de linho
agora se aquieta frio e murcho
haverá problemas de hardware

Deixaram de dançar e até andar
inertes sem préstimo limitados
a excrescências existenciais
pornografia de formações tróficas
O fio que os liga ao coração quebrou

O mal revelou-se tão subtilmente
na roupa - lã peúgas botas pijama -
em progressão livre dentro da cama
roubando espaço ao traçado das curvas
e no entanto frios frios os pés

Não adianta pois esperar milagres
promessas cleópatras e salomés
danças tentações som de sinfonias
a não ser romances epifanias
nas químicas da molécula azul 

hajota


dali_a_persistência da memória



14 comentários:

  1. Teremos que arranjar um escalda-pés e fazer o corpo e a alma aquecerem-se em conjunto.

    Beijos, Agostinho. :)

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  2. Vale sempre a pena, Agostinho.
    E não vale dizer não adianta.
    Aquele abraço

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  3. Mas temos que ter esperança.... Mesmo que se conquiste apenas um momento....
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Carpe diem... Mas com o hardware em condições!

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  5. dizem que a esperança não morre...
    e há um sempre um amanhã, pronto e ressurgir no calor do sol.
    muito nostálgico o que não é habitual na sua poesia.
    gostei no entanto da maneira sui-generis como desenvolveu o tema.
    um beijo
    :)

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  6. ~
    ~ ~ ~ Eloquente inspiração!!

    Normalmente, estes problemas originam outro tipo de explosões,
    mas desabafos a confidentes de poeta, são delicados e cantantes...

    ~ ~ ~ «Carpe diem», amigo...

    ~~~~~~Abraço~~~~~~~~~~
    .

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  7. Problemas de hardware, um labirinto sem emoções... O poeta não se deixa asfixiar por isso e subverte a cada momento a espessura das sombras para encontrar a luz das palavras.
    Um beijo.

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  8. Coisas estranhas. Hardware desfasado das pessoas ou do tempo.
    Pessoas desencontradas nos espaços do amor, do entendimento, da partilha.
    Alguma receita mágica??
    Talvez uma limpeza das roupas interiores e exteriores. Talvez as traças nos dêem descanso.Talvez assim se limpe a alma.

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  9. .

    .

    . adianta a palavra que aqui se adianta . porém . no tempo certo .

    .

    .

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  10. O mundo virtual ainda não substituiu o encontro real. Pode ser que aproxime, vença as distâncias impossíveis. Mas nada substitui o calor do encontro humano. Mesmo assim, é um belo poema.
    Abraço, Agostinho.

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  11. não sei,

    podemos sempre dar um nó no fio que nos liga ao coração e reaprendemos as palavras


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  12. Passei para uma visita.
    O hardware deveria estar a serviço do poeta!...
    Certamente que há esperança porque o poeta tudo pode!...

    Ótima semana!
    Beijinhos.
    ♬♪ه° ·.

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  13. Agostinho,
    A sua poesia não é fácil. Este poema bem podia ser barroco.
    Parabéns.
    Boa noite. :))

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