quarta-feira, 29 de março de 2017

Nota blue

Quando vier a primavera,
se eu já estiver morto,
as flores florirão da mesma maneira
e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Alberto Caeiro, estrofe de Poemas Inconjuntos





imagem jimmy-hoffman





À cautela anotei a nota blue 
num papelucho amarrotado
que me soou a epifania
Foi o que valeu: os tira-olhos
adivinhavam-se no ar
Eu cego num blue amassado?
Escrevi-o pela manhã

Ainda ontem chovia
e hoje terça acordei olá bom dia
sem estores nem cortinas

Entrou-me o dia em Sol
na janela franca e senti maresia
no tom do vento trazido do sul
Humedeceu-se a vidraça ficou baça 
soube-me a ar de mim


hajota

47 comentários:

  1. É a Primavera a mostrar-se Agostinho.
    Até no estupor das alergias.
    Aquele abraço

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  2. Foi o vento que rasgou os olhos da noite e os alagou de azul. Recolheu-se o Poeta nesse tom azulado e escreveu as notas de um blue a seduzir as palavras. O tira-olhos foi só o pretexto... Excelente, Agostinho meu Amigo.
    Um beijo.

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  3. Um belo poema que sabe a Primavera, a Sol e, sobretudo, sabe a si, Agostinho.
    Lindo de se ler e sentir.

    Beijinho.

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  4. excelente blue! piano e sax...

    Agostinho, meu amigo
    fixa meus lábios - "invejo" este teu poema!

    caloroso abraço

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  5. blue is the colour of, the blue, sky :)

    um abraço, Agostinho

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  6. Respira-se fundo... e aguarda-se que as cores se tornem fortes... sem destronarem o azul...
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  7. O renascer todos os anos. Uma maravilha.

    Gostei do blue... adoro blue...

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  8. e a mensagem veio no calor do sol que amornou a alma do Poeta!

    muito belo!

    beijinhos

    :)

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  9. e nos poros da pele seria
    "um pouco mais de azul"
    um largo sorriso de maresia
    em paraísos mais a sul.
    Mas assim está bem...
    quando se sente o ar que se tem.
    Um belo poema com a paisagem sem mudança (Alberto Caeiro) e a foto
    a desmenti-lo (a ele): a existência é vida e conta!
    Abraço, Amigo Agostinho.

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  10. Tu tiras belas notas, mesmo num papelucho amarrotado...
    Que bela saudação à recém-chegada Primavera.

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  11. Que lhe seja plena, Agostinho.
    E o sol entre pelo seu olhar iluminando-o.
    O vento outonal brasileiro chegue a ti, num abraço que te envio.

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  12. Caríssimo Agostinhamigo

    Depois de muito tempo aqui estou eu - Ecce homo! Mas com uma notícia menos feliz

    Em Goa as coisas não correram muito bem, pelo contrário; uns problemas de saúde (meus) - ainda que bastante graves (Ver abaixo sff)- deram origem a situação pouco feliz - que ainda persiste. Irei escrevendo quando tiver a cabeça mais arrumada...
    Além disso no local não havia ligação Internet...
    XXXXX

    31 de Março - Parece-me que vou melhorando da recaída que tive da depressão bipolar - com ela terei de viver até ao forno crematório, pois é doença incurável.

    Vou pois andando devagarinho (sempre são 75 aninhos...) e um destes dias volto a publicar umas linhas. Aproveito para agradecer a todas/os que me acompanharam nestes momentos menos fáceis e sobretudo à Grande Mulher, a minha Raquel, que me amparou, cuidou de mim, enfim teve a paciência de me aturar...

    Qjs & abçs

    Henrique, o Leãozão



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  13. Uma ode à Primavera?
    Qualquer papel, mesmo amarrotado, serve para o efeito.
    GOSTEI!

    Bom Fim-de-semana
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  14. A Primavera a chegar por aí! O Outono a chegar até nós!
    Chegam, instalam-se como donos do lugar, sem pedir licença, sem perguntar se podem chegar... E quem disse que as estações precisam de autorização para vir reinar?
    É delas o tempo, o espaço, o lugar!
    A Primavera aí chegando aí para florir o olhar do poeta que em tudo tende a se manifestar... E o Outono aqui chegando para acinzentar as tardes e prenunciar a próxima estação.
    Que além de flores e ares perfumadas, possa ela levar ao teu olhar também sorrisos, também estrelas, também o meu carinho, querido amigo!
    Helena

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  15. Através de um comentário feito no blog da ANA FREIRE e do agradecimento dela é que tomei conhecimento que o Agostinho estava a recuperar.
    Esteve ou ainda está doente ?
    Com muita amizade deixo aqui os meus votos de muita saúde.

    Um abraço.

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  16. Caríssimo Agostinhamigo

    A Nau Catrineta não é nada ao te conto em seguida. Há dias em que não se deve sair à noite...



    31 de Março - Em Goa onde tínhamos programado (o que comuniquei às comentadoras e aos comentadores) passar mais umas belas férias. Afinal infelizmente isso não aconteceu! Resumo: passei (ámos) três meses de “férias”(?????) e as coisas não correram bem, antes pelo contrário; uns problemas de saúde (meus) - ainda que bastante graves (Ver abaixo sff) - deram origem a situação pouco feliz - que ainda persiste, mas que felizmente vai melhorando dia a dia. Irei escrevendo quando tiver a cabeça mais arrumada... Além disso no local onde estávamos não havia ligação Internet...


    ******


    1 de Abril - Parece-me que vou melhorando da recaída que tive da depressão bipolar - com ela terei de viver até ao forno crematório, pois é doença incurável. Por prescrição da minha psiquiatra Dr. Alice Nobre (a quem chamo a minha “Santa da Ladeira”) todos os dias tomo as mezinhas para o mal estar estabilizado, o que vem acontecendo.

    Vou pois andando devagarinho (sempre são 75 aninhos...) e um destes dias volto a publicar umas linhas. Aproveito para agradecer a todas/os que me acompanharam nestes momentos menos fáceis, ou seja mais duros, e sobretudo à Grande Mulher, a minha querida Raquel, que me amparou, cuidou de mim, me amou como sempre, enfim teve a paciência de me aturar...


    Da “viagem” de volta tão má ela foi que nem vale a pena contar mas, ressalto que tínhamos pedido assistência ou seja duas cadeiras de rodas, uma para mim e outra para a Raquel: as maleitas dificultavam a nossa mobilidade ou seja andar a pé, apenas registo o pior: vente e nove dias e meio de Dabolim (o aeroporto de Goa) até ao aeroporto General Humberto Delgado, com paragens em tudo que era sítio, incluindo nove horas e meia de espera no aeroporto de Mumbai (antiga Bombaim…), com um frio de rachar pedras pois a malta da Índia adora o ar condicionado próximo do polar…. Estavam previstas cinco horas e meia… Mas havia as ditosas cadeiras…

    A Jet Airways – uma desgraça. Comida - péssima, atendimento - mau, tripulantes de cabina – trombudos. Em Paris, no aeroporto Charles de Gaulle apenas nos apareceu uma cadeira de rodas porque não havia as suficientes para acorrer aos serviços marcados, remarcados, computorizados. Não foi a primeira vez que ali isso aconteceu, maldita desorganização de uma empresa em “outsoursing” – não havia as desgraçadas cadeiras de rodas à nossa espera. Disseram-me que eram insuficientes porque eram muito caras e o acordo não tinha sido orçamentado…

    Perdi a cabeça, explodi e fartei-me de protestar; enfim veio uma – para mim – e a da Raquel perdera-se (quiçá no nevoeiro qual D. Sebastião…): Logo a minha caríssima esposa teve de palmilhar os “quilómetros” de corredores, etc. E note-se que nos próprios bilhetes estava tudo mencionado, reforçado com as comunicações feitas pela agência de viagens TopTours (impecável) Enfim uma puta de uma viagem; não torno (amos) a cair noutra...


    Qjs & abçs
    Henrique, o Leãozão


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  17. ~ E a primavera está definitivamente instalada
    com a sua pujante força renovadora, que muito
    desejo que contribua para melhoras definitivas.
    Julgava-o já curado e acabo de saber que ainda
    está convalescente...
    Nada de pensamentos mórbidos e muita força,
    Abraço, amigo.
    ~~~~~~~~~

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  18. Tão bom restabelecer este contato com a inflexão da sua voz, da sua escrita. Bem melhor ainda se o encontro neste invejável blue a par com a Primavera que dá os primeiros sinais do lado de lá. Do lado de cá é o Outono quem se mostra com muito calor.
    Aproveito para agradecer a generosidade das suas passadas sem pressa pela meu espaço.
    Um bom final de semana, meu amigo Agostinho!
    Um forte abraço,

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  19. Hoje venho apenas desejar
    bom fim de semana.
    beijinhos
    :)
    (obrigada pelas palavras lá nos meus espaços)

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  20. O vento do sul tem essa magia, transformar a realidade em doce fantasia.
    Que o sol e o ar de mar continue a perfumá-lo amigo Agostinho.

    Um beijinho grato

    O Toque do coração

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  21. Diz o poeta (A. Caeiro) "a realidade não precisa de mim", mas o poeta precisa dela para nela (ou através dela) se cumprir. Tal como o sujeito poético deste belo poema, que me deslumbra pela arte. Que os tira-olhos se anunciem sempre ao poeta e que o sol traga, sempre, bons dias.
    Bjinho, amigo

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  22. Gosto imenso de Pessoa... mas de vez em quando... um ou outro seu trabalho... passa-nos todo o peso e desassossego da sua alma... que certamente lhe minou a saúde... e levou a genialidade... para o andar de cima... cedo demais...
    Não consigo imaginar que a realidade não precisa de mim... se assim fosse... tal apenas significaria, que eu não pertenceria ao universo, ao mundo, à realidade de ninguém... e pela parte que me toca... sei que não é bem assim... pelo que estas palavras de Caeiro... passam uma mensagem um pouco negativa e depressiva demais para o meu gosto...
    Se cada flor, pensasse que a realidade não precisaria dela... quanta alegria no mundo desapareceria de imediato... se nenhuma florisse...
    Desconhecemos, o que nos acontece no dia de amanhã... mas estamos vivos hoje... pelo que devemos mesmo viver hoje, como se não houvesse amanhã... devemos aproveitar cada raiozinho de sol... e cada aragem de Primavera que nos promete, com o seu espírito de renovação... que amanhã... ainda haverá um outro dia...
    Muitos dias de sol... com cheiro a maresia... efectivo ou em pensamento... mas cheios de alegria, é o que eu desejo, Agostinho...
    Beijinho! Bom resto de domingo e uma óptima semana!
    Ana

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  23. Agostinho: deixei um comentário a este poema. Não entrou?

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  24. Sempre a porra da vida, não é, Agostinho? E que bem tu a interpretas, homem!

    Grande abraço

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  25. Muito bonito e gostei da associação a Caeiro.
    Beijinhos.:))

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  26. O verde a correr pela nascente das fontes, morangos a escorrer dos valados, um tira-olhos a roçar as águas...uma realidade possível, e tão simples, num belíssimo poema!
    Beijo

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  27. A tua expressividade poética sempre voa numa criatividade na expansão
    do olhar o mundo (que pode não ser simples e nem fácil...), mas uma
    visão poética pousada na nota Blue!
    Eu de cá a olhar a tua arte poética Blue num encantamento...

    Meus votos que o amigo Agostinho esteja bem com a saúde Blue e
    escutando um bom Blues e Jazz.
    Bj.

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  28. Venho desejar uma Feliz Páscoa e que este tempo seja de claros dias.
    Bjinho. Agostinho

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  29. Obrigada, Agostinho. Que a sua Páscoa tenha todos os sabores que gosta e muito carinho à sua volta.
    Um beijo, meu Amigo.

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  30. Boa tarde, o vento do sul com cheiro a maresia, faz-nos ter pensamentos perfumados.
    Votos de Páscoa repleta de alegria! Feliz Páscoa!
    AG

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  31. Apenas para deixar meus votos de uma
    Santa Páscoa
    beijinho
    :)

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  32. Passando, para deixar um beijinho, e os meus votos de um Feliz Domingo de Páscoa, na companhia dos seus...
    Ana

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  33. A realidade pode não precisar de nós, mas nós precisamos dela e destes papeluchos, memorizando os dias que se nos escapam se não os anotarmos. E das minhas janelas viradas a norte, leio este amarrotado tão nítido como ver em dias de sol.

    Boa semana,
    bjs

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  34. Bom dia Agostinho! Poema fantástico, fotografia fantástica! O azul que aprofunda a poesia no céu que reflete nos olhos.

    Abç!

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  35. Boa tarde

    Permita-me convidá-lo a tomar conhecimento de uma iniciativa de supremo valor do C N GIL

    http://filhosdodesespero.blogspot.pt/

    Leia e partilhe por favor
    Ajude se puder

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  36. A primavera não passa desapercebida, inspira, alegra e renova os ares.
    Melhoraste amigo?
    Um beijinho.

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  37. Ando tarde ultimamente...mas vou chegando...
    Muito bonito o seu poema Agostinho, apesar da nota em cima, triste, de Caeiro.
    Sabe, a Primavera precisa de si, meu amigo.
    beijinho

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  38. Olá, Agostinho
    Depois de uns dias de ausência, primeiro por umas mini férias, depois por doença, estou regressando, devagar...
    Anteriormente não mencionei Pessoa (Alberto Caeiro), mas concordo em absoluto, e a sua afirmação vem ao encontro de algo, extremamente interessante, que li há dias - "A Natureza ( o Planeta) não precisa do Homem para nada, pois continuaria a existir se o Homem desaparecesse."
    Mas nós precisamos dela!...

    Votos de uma semana muito feliz.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  39. Hoje um novo recomeço..
    Graças a Deus hoje estou podendo
    te agradecer pelo carinho respeito e amizade.
    Agradeço por jamais ter deixado de fazer visita
    a meu blog.
    A amizade verdadeira nunca esquece ,
    mesmo sem saber o motivo do meu afastamento.
    Eu entendo q por vezes demora a aparecer.
    Eu entendo q assim como eu todos tem problemas na vida.
    Todos nessa vida encontra obstáculos.
    Mas nem tudo é sofrimento .
    Deus é misericórdiso..
    Nos da alegria ao ver o nascer do Sol.
    Nos da um espetáculo único quando ele desce
    com sua magia no horizonte..
    Enfim tudo isso é só para
    dizer jamais te esqueci.
    Obrigada querida ..muito obrigada..
    Te abraço carinhosamente.
    Deus cuida de você com as mãos dele
    estendida tudo é possível.
    Simplesmente Eu,
    Evanir .
    Uma semana abençoada.

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  40. Tão bonito este diálogo com Caieiro.
    Bj.:))

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  41. É a infalível primavera, como uma promessa que não falha.
    Muito bom ler Caeiro!
    Abraços!

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