Mesmo assim, não fechei os olhos, por medo de que algo se perdesse para sempre. Retive a respiração e fitei a escuridão de olhos bem abertos.
Final de Sobre Ela e as Memórias que lhe pertencem, Micko Kawakami, Granta - Portugal | 9
Francis Bacon_tríptico a Lucien Freud | fonte: Web |
Corpo estendido no pó.
Inteiro, definido no contorno essencial.
A linha contém a sombra. Negra.
Por fora a lua projectada e as estrelas
cintilantes, sem força suficiente,
eficiente,
tremelicantes para definir a fronteira:
a sombra e a luz.
Quem se atreve distante
fenece a réstea vital.
De fora adentra o respirar quente da
noite,
penetrante preenche vazios
abertos
bafos baques sobressaltos sentimentos
a língua.
E o mundo sentindo-se aquietado
nas suas mais estranhas pulsões adormece,
vivo.
hajota
Meu querido Amigo Agostinho: Li e reli o seu poema. Fez-me pensar como a Poesia é, na sua mais renitente realidade, a estreita fresta onde a própria vida se confunde...
ResponderEliminarViemos do pó. De pó será sempre o nosso chão. "O assombro do barro nas mãos do criador".
A paisagem nocturna a entreabrir-se à luz e à sombra, no sobressalto das palavras onde aprendemos a encontrar-nos, no pó que nos pertence...
E lembro, Rumi, o poeta árabe do séc. XIII: é pela ferida que entra a Luz.
Um beijo.
Também li e reli e voltei a ler o poema. Tão hermético. Penso sempre: que estará o poeta a pensar, a sentir? E inquieto-me por não descobrir exatamente. Mas é esse o fascínio da poesia. Um poema escuro/claro. Depois há a beleza e o sortilégio da linguagem com as suas curvas e travessas - as aliterações que nos sussurram ao ouvido, a metáfora que nos morde de beleza...
ResponderEliminarBeijinho.
Um post, a meu ver, todo ele feito de inquietação!
ResponderEliminarDe uma forma inquietante, me aquieto, ao sabor das suas palavras, amigo Agostinho.
Um beijo, com profunda estima e admiração.
Não há sombra sem luz.
ResponderEliminarBeijos, Agostinho :)
Também me parece algo negro, quase um desabafo.
ResponderEliminarEspero que seja só sensação.
Aquele abraço
Olá, Joaquim
ResponderEliminar“Do pó vieste e ao pó tornarás” – e no intervalo aproveita para admirar as estrelas cintilantes que marcam a fronteira entre os dois pós.
Poema intrigante, que esconde (OU PRETENDE ESCONDER) o estado de alma do poeta.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Agostinho,
ResponderEliminaro que importa mesmo é não fechar os olhos e, sem medo, olhar a escuridão
assim se poderá dominar a fera, que a todos arreganha os dentes.
o teu poema (e toda a composição) é de uma lucidez arrepiante
e, no entanto, muito belo
forte abraço. meu amigo
E assim bem de longe, sinto-me 'aquietada' diante do poema do Agostinho
ResponderEliminar_ vou dormir em paz,enquanto a noite já adormece.
e o mais é o infinito meu querido.
com abraço e carinho
Oi Agostinho!
ResponderEliminarLi, reli e pensei, quem somos, para nos arvorarmos a entender o que se passava na cabeça ou no coração do poeta ao compor?
Mas, sei sim que adorei e que me emocionou, é o que basta!
Abrçs
Fechar os olhos é fugir da realidade, mas também pode ser uma maneira de cobrar alento para continuar a luta.
ResponderEliminarAbraço e bom DEzembro
Excelente.
ResponderEliminarOs meus aplausos por este excelente poema.
Continuação de boa semana, caro Agostinho.
Abraço.
Será desses pinheiros mansos de onde te vem, filtrada, pela manhã, a luz do sol?
ResponderEliminarSerá das fintas que a "máquina" te anda a pregar?
Será, ainda, a serena sabedoria que o amadurecer nos vai trazendo?
Não sei o que será, mas algo te vem refinando o talento, meu Poeta!
Bom dia. Passando para me deliciar com as suas publicações. É maravilhoso o seu blogue. Gostei muito da sua poesia. Doce e maravilhosa..
ResponderEliminar.
Tema de hoje
Manhã, nascer do sol, solfeja a cigarra no arvoredo
.
Deixo cumprimentos poéticos.
.
Também é possível fechar os olhos para ver melhor
ResponderEliminarSempre um prazer visitar o seu espaço
Abraço
hajota
ResponderEliminarum poema escrito com inquietação e em completo desassossego.
uma nesga de desanimo e no entanto uma porta de salvação no olhar aberto e lúcido mesmo no breu da noite.
e que a luz perdure no sopro do olhar e no respirar.
beijinhos
:(
"Quem se atreve distante
ResponderEliminarfenece a réstea vital".
Sensacional este blog!
passando e enaltecendo a sua poesia. Simplesmente brilhante
ResponderEliminar.
Hoje
Margens de sedução de branca espuma
.
Deixando um abraço de amizade.
Bom dia.
.
Situações que desafiam, qual patamar em que tudo fica em causa, em que tudo parece abanar. Mas há sempre algo que nos mantém ligados, há sempre que se insinua, por mais ínfimo. No final, sempre a inquietação, como se o desbravar das novas percepções fosse campo ainda muito inseguro.
ResponderEliminarÉ um enorme prazer ler-te, Agostinho.
Grande abraço
A vida é um permanente duelo entre luz e sombras... entre aquilo que vemos... e o que evitamos ver... é a realidade apercebida e sentida... ainda que por vezes, a escuridão esteja somente... do lado de dentro da gente... pois quando estamos felizes... não haverá escuridão que nos atormente...
ResponderEliminarUm poema extremamente profundo... ainda que nos seja apresentado de uma forma aparentemente concentrada...
Brilhante trabalho, Agostinho!
Beijinho! Feliz semana!
Ana
Agostinho,
ResponderEliminarEste poema é para poucos, não somente no ponto da excelência
expressiva, mas no foco da profundidade humana.
Uma construção poética genial na beleza filosófica existencialista
que nos paralisa: "E o mundo sentindo-se aquietado
nas suas mais estranhas pulsões
adormece,
vivo."
Deixo meu abraço de admiração, permeado pela emoção da leitura aqui...
Beijo.
Onde é que pára o meu comentário??
ResponderEliminarA chapelada que tinha dado ao poema??
Mistérios...
Aquele abraço
Bom dia. Ai Agostinho, que rico vinho
ResponderEliminarIsto é uma rábula um dia feita em Portugal. Gostei demais do poema. Perfeito
.
Hoje escrevi:
.
*** NATAL - OS DEGRAUS DA NUA ESSÊNCIA ***
.
Deixando um abraço amigo
.
Numa dissertação poética tão eloquente, "luz(es)" e "sombra(s)" trocam olhares e interrogações perante a aquietação do mundo. Surdo. (Será?)
ResponderEliminarAh, poesia...!
Simplesmente fabuloso, Agostinho!
Não perdeste, de todo, a habilidade para a composição poética.
ResponderEliminarO poema está difícil de interpretar, mas é uma trabalho desnecessário...
É assim e está admirável e muito interessante.
Dias plenos de saúde, paz, harmonia e amor.
Terno abraço e beijo de boa amizade.
~~~~~~~~~
Agostinho,
ResponderEliminarDeixo o meu carinho nos votos de um
abençoado Natal junto com a
sua família e 2018 repleto de
sonhos e realizações!
Agradeço as leituras preciosas aqui da
sua arte poética e também as suas
leituras atenciosas no meu espaço.
Beijo.
Passando a deixar um beijinhos, e os meus votos de um Feliz Natal, na companhia de todos os seus, Agostinho! Com saúde, paz, alegria, e afectos...
ResponderEliminarTudo de bom! Festas Felizes!
Ana
Gostei de reler este teu excelente poema.
ResponderEliminarCaro amigo Agostinho, os meus votos de um FELIZ NATAL e de um PRÓSPERO ANO NOVO, com muita paz, saúde e amor.
Abraço.
hajota
ResponderEliminarhoje apenas venho deixar os meus votos de um Santo e Feliz Natal e que o Ano de 2018, seja melhor e que traga mais saúde, paz e alegria.
obrigada pelas visitas e pelas palavras durante o ano que fez aos meus espaços.
beijinhos
:)
Muita luz nestas Festas, Agostinho!
ResponderEliminarBeijinhos :)
Um Feliz Natal, amigo!
ResponderEliminarAbraço
Não fazemos tudo para ser eternos?
ResponderEliminarEste teu poema é, sobretudo, a inquietação do porvir.
Vive! O que mais puderes e dribla a linha.
Bjo, Agostinho