Aí, há homens que vivem, pálidos, sem cor,
e morrem sem saber por que sofreram
E nenhum deles vê o pobre trejeito
que ao fim de noites sem nome veio substituir
o sorriso feliz de um povo meigo
Rainer Maria Rilke
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fountain, marcel duchamp, web |
No bidé metrómano de torneira, o pingo
pinga pinga pinga o ritmo da larga partitura
A princípio audível na cabeça o som ainda,
pingue noturno minimalista lento chato,
fez-se surdo, nódoa oxidada na osteoporótica por-
celana, brancura na ideia que alastra ao corpo
à casa a tudo: a luz ausentou-se da gente enfim.
A lei da seca estabelecera o enterramento
das bibliotecas, o encerramento das livrarias,
portas e postigos lacrados, e a subversão
desceu à rua porta a porta em corpo invisível.
A necessidade de livros estalou por toda a parte
num tempo de reclusão tão farto de liberdade
mas da abundância de tempo, livres para fazer
aquilo para que não havia tempo, a erosão dum vento
demente fez à sorrelfa um vazio na mente.
Sem margens marcos paredes parapeitos
onde hão-de descansar os cotovelos que suportam
a cúpula se a fonte corre ao contrário?
hajota