terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O idílio durou meses

É estranho não mais desejos desejar. Estranho,
passar a ver sem conexão, disperso pelo espaço,
tudo o que antes tinha unidade.

As Elegias de Duíno, da1ª Elegia, Rainer Maria Rilke



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              ilustração de M.ª Rita (8 anos)










Numa manhã grisalha não a encontrei.
Porquê não sei, presumo:
as cores não se afeiçoam ao inverno.


O idílio durou meses, porém,
inopinadamente parou,
sem  denúncia, arrufo ou, sequer, indício.


Logo agora que tinha nas mãos
o jeito de a explorar, apartando-lhe
a delicada roupa, com o fervor da paixão:


grão a grão os lábios, a língua,
sorvendo o vermelho sumo.
O vermelho da romã.



hajota














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Nota: 
ando em periclitante e irregular andamento blogueiro, digamos que motivacional. Expresso os meus sinceros agradecimentos pelas manifestações de preocupação que me têm chegado. 
O meu estado de saúde? Poderei dizer que não estou mal nem bem. Estou em esperançoso processo de recuperação. 
A todos o meu obrigado.