quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A escória dos mas

Os de Alexandria,
Com as suas mãos finas
E suas batinas
De carvão de coque,
Dizem-me que toque.

Ruy Cinatti, O Livro do Nómada Meu Amigo, 
1.ª estrofe de Sinal dos Tempos



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A escória dos mas atravanca-lhe os espaços
onde ousa em liberdade imolar-se
O poeta voa na dúvida mas
quem se sujeita a asas tem
o destino de sonhar rente às lágrimas se
as nuvens precipitam punhais

O poeta voa na dúvida até
quando  mergulha em transe  no som
da imaterialidade dos dedos queimados
no vazio da luz branca dos dias
Sobrevém-lhe o cansaço lasso lavado a sal
de condenado sem dúvida ao eclipse do sol


hajota