Ao toque adormecido da morfina
Perco-me em transparências latejantes
E numa noite cheia de brilhantes
Ergue-se a lua como a minha Sina
Álvaro de Campos, quadra de Opiário
Salvador Dali, a desintegração da persistência da memória |
Andei perdido no veneno
das bagas
a suar o frio do loureiro
traiçoeiro
O horizonte tão largo de anjo
- olhos de desejo -
reduzido apertado
Apartado
Apartado
sem asas eu nu à
mercê do destino
Fui ao centro de mim como nunca fiz
Fui ao centro de mim como nunca fiz
Peixe de olhos fixos sem
mar
sem chorar
vi-me estiolado na pedra fria
sem chorar
vi-me estiolado na pedra fria
Tiraram-me a escama que
refulge a noite
mas não foi fatal
Puseram a mão no meu coração
mas a alma desalmada não viram
mas a alma desalmada não viram
Sobrevieram rosários de mistérios
dolorosos e delírios gozosos
dolorosos e delírios gozosos
Bastavam os olhos da
noite e do dia
fechados
e era a cor de salmão que se abria
e era a cor de salmão que se abria
em azuis
Páginas e páginas impressas
Páginas e páginas impressas
letra redonda escorrendo as
águas
passadas
do rio sem tempo marcado
do rio sem tempo marcado
Inexplicavelmente depois pintura
a povoar paredes de galeria
Eu espantado:
a povoar paredes de galeria
Eu espantado:
El Greco Pieter Brugel o
velho renascentista
Rubens de feminilidades
barrocas
e Goyas de romântica
estética
Onde é que eu vi isto?
Em terno sustento voltei à tona
uvas abrunhos maçãs "forever young"
Desalmado mas com coração!uvas abrunhos maçãs "forever young"
hajota