O verão solta os cabelos como a mulher
que se ergueu do leito e avança para o espelho,
com as mãos da manhã a viajarem pela sua pele.
Nuno Júdice, A Convergência dos Ventos,
início de Metamorfoses em Agosto, ed. D. Quixote
aparição de rosto e fruteira numa praia, Salvador Dali |
na aparente água transparente
Transpirada a cristalização faz-se
até que demencia a criatura
em clarões de vermelho febril:
gera-se o belo a forma pura
Dum gesto de dominação incontido
o frémito cresce em ondas
que se levantam indomáveis
e retalham toda a pele em rios
de margens a espuma bordadas
De manhã a viva cal
derramada trespassa a vidraça
E no verão toda da praia ferida
é uma indelével crosta florida
que sabe a sangue e a sal
hajota