quando sopra o vento
da indiferença
marcada a cruz na
aridez dos dias
numa folha de calendário
como faz o condenado ao
fadário
- solidão, melancolia desesperança -
que a sorte pode mudar
para o vislumbre da
perfeição?
Que me dizes então da
felicidade
da partilha do eu e do
teu
de reter o belo na mão
a seda fresca de verão
o veludo quente de
inverno
do arrepio-tremor
- coisa única que deslumbra?
Que me dizes do fulgor
que remexe interiores
onde se recolhem fogo e cores
os dourados iluminados de pôr do Sol
brotando à superfície
- num ápice -
a percepção do fim do mundo
- num ápice -
a percepção do fim do mundo
a opulência de uma epifania
a dádiva de ser pertença
a eternidade num minuto
quando o mar parecia
em horizontal dormência
nunca é tarde
nunca é tarde
hajota