quarta-feira, 27 de maio de 2020

Por ser muito não é pouco


“Quando partias, qual secreta tentação juvenil, escolhias, com esmero, uma pedra achatada e lisa. Depois, num movimento de anca, atiravas com firmeza, na horizontal, deleitando-te enquanto a vias saltitar à superfície da água.”

 Do Blogue Interioridades
Último § de Esboço de Tela do Tempo Parado
(façam-me o favor de ir ler)


foto minha






Intocável impecável o chão nosso
prenhe em avançada gestação,
muito prenhe, portanto isso
no verde que vela a violência da floração,
e lavado o ar leve abre favos de mel
nos pulmões todos até aos alvéolos,
e o babar do mar lânguido no areal,
e o azul do céu salpicado de sardas
brancas, sonhos visíveis à transparência,
e eu e tu, toda a gente, correndo e saltando,
bichos com os bichos nossos irmãos
Por ser muito não é pouco este hino
que entra fundo no imo
Basta-nos a Natureza e ser 
a soar harmonia com todas as coisas

hajota