segunda-feira, 18 de março de 2019

O Humano Ofício I


Manhã               

Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A fescura do centro

Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro

Sophia de Mello Breyner Adresen,
Livro Sexto




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Anish Kapoor, Flesh, maqueta  (foto minha)



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O humano ofício é chegar à perfeição
à utopia
em poema de quadros pintados de vida
na identidade das linhas digitais
que se enleiam e desenleiam
nos dedos da mão
na cromatografia
de almas em transfiguração
da paleta de cor firmada em palma:
poema de estrofes varadas por um fio
que leva até ao fim em glória ou perdição


                  hajota