segunda-feira, 18 de março de 2019

O Humano Ofício I


Manhã               

Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A fescura do centro

Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro

Sophia de Mello Breyner Adresen,
Livro Sexto




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Anish Kapoor, Flesh, maqueta  (foto minha)



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O humano ofício é chegar à perfeição
à utopia
em poema de quadros pintados de vida
na identidade das linhas digitais
que se enleiam e desenleiam
nos dedos da mão
na cromatografia
de almas em transfiguração
da paleta de cor firmada em palma:
poema de estrofes varadas por um fio
que leva até ao fim em glória ou perdição


                  hajota

19 comentários:

  1. Parabéns, caro Agostinho, pelo seu belo poema! Muito bom, poeta!
    Uma ótima semana.
    Abraço.
    Pedro

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  2. Mas haverá a perfeição perfeita? Acredito na glória e na perdição... porque a vida é feita desses momentos...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Essa imagem do artista plástico, que expôs no Museu de Serralves, é arrepiante.
    Não sei o que o artista quis mostrar com tal coisa, mas a mim só me ocorre dor e muito sofrimento.
    Espero que o Humano Ofício II seja mais brando, Amigo Agostinho.

    Beijo e boa semana.

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  4. Um poema de pura vida em linha desenhada nos dedos do eu lírico.

    Gostoso de se ler!

    Proseando num dia

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  5. A incessante e utópica busca pela perfeição.
    Aquele abraço, boa semana

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  6. Amigo, é um vate não perde o estro!

    Regressada de uma pausa, tenho um mimo para si, no meu blogue.
    Abraço afetuoso.
    ~~~~

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  7. Pode dizer-se que a poesia é um pensamento por figuras, ou a arte de descobrir gestos de um sentido em falta ou em excesso. Um ofício difícil, insaciável. Mas o poeta é um ser real, cuja alma por vezes se transfigura para mostrar o que de melhor se esconde no barro que somos. E a perfeição é mesmo uma utopia…
    Gostei do seu poema e daquilo que ele me fez pensar.
    Um beijo, meu Amigo Agostinho.

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  8. Não é fácil chegar à perfeição, mas no fundo é o que muitos procuram a vida toda..
    Abraço

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  9. Mais um poema ao nível a que nos habituaste. O que é a vida? Para que serve viver? O que é a perfeição?
    Tudo num grácil tricô de palavras...
    Quando à ilustração... Não entendi bem. Entraste à socapa nalgum serviço de urgências, de máquina em punho, chega um esfaqueado e... zás!

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  10. Olá, Agostinho, sim, uma luta para buscarmos a perfeição, mas... jamais, é utopia. Essa sofrível busca a vejo como a obra de arte de Anish; só sofrimento.
    Um ótimo fim de semana pra você.
    Beijo

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  11. poema em carne vida, Caro Agostinho
    longos, longos os humanos caminhos que vão da Perfeição à Perdição!

    em poucas linhas a história da emancipação da "espécie" humana!

    grande Poema

    abraço

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  12. Sempre estará na essência humana, a busca do impossível... a tal perfeição... tão idealizada... mas jamais encontrada... ou reconhecida... pois este mundo, era tão mais perfeito, sem a devastadora acção do homem, em tantas áreas...
    Mas enquanto cada um a procura... a perfeição... irá coleccionando cicatrizes... à medida que se consciencializa... de que a realidade, nem sempre corresponde à sua idealização...
    Um belíssimo post, Agostinho! Um fabuloso momento poético, muito bem complementado com a inspiradora Sophia... e a fantástica imagem! E já anotado, no meu caderninho de futuros destaques... pois claro!
    Beijinho! Boa semana!
    Ana

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  13. A busca da perfeição. Ou do alcance da finalidade.

    (para ler os meus livros basta seguir os links e fazer o download. Não existe o livro físico. Lê-se no pc, tablet ou E-Reader)

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  14. O poema chegou e glória, por este fio digital que me conectou.

    Utopia concretizada.

    Bjs

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  15. OI AGOSTINHO!
    BUSCAR A PERFEIÇÃO PODE SER UTOPIA E UM DESGASTE QUE NOS AFASTARIA DA META MAIOR QUE É VIVER.
    LINDEZA DE TEXTO, AMIGO.
    ABRÇS
    https://zilanicelia.blogspot.com/

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  16. Intenso, vigoroso, o poema. A elaboração metafórica para nos fazer pensar sobre os dois campos semânticos: o da perfeição e o da utopia em que o poeta não ocupa um lugar de excepção enquanto artista da palavra.
    Forte abraço, meu amigo Agostinho!

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  17. Poema e foto em carne viva
    forte e muito pensador

    :(

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  18. Como gostava de escrever assim! Como todos estes humanos ofícios! Que bela escolha das palavras! E tão bem cosidas...

    Beijinho.

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