Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos,
estrofe de abertura de Tabacaria
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oooooOOOooooo
(imagem minha) |
oooooOOOooooo
Imprevisto chega o dia
Vê-se vazio
na pedra do cais sentado
Em terra corre o quente
sangue que doou
O vermelhão nunca lhe faltou
mas sabe o seu destino
Sente o peito cheio de sal
Esquadrinha no horizonte o barco
que o há-de levar
toca-o a melancolia de fim de dia
e a saudade do futuro:
da lâmina de gelo
que cairá da sombra em si
No zénite a luz reduz
a sombra
que cresce até ao fim:
inteira engole a luz
Si compleatur officium
(cumprido é o ofício)
hajota