O 13 de Maio passou sem que nada acontecesse de transcendente.
As nuvens presentes nos céus de Portugal ao longo de todo o ano, contrariando
as espectativas bestiais, propaladas
pelo Governo, da recuperação económica e financeira, que precederam a
saída da Troika, encenada com relógio e foguetório para melhor iludir a
populaça, prometiam que algo de medonho iria acontecer. E aconteceu. Foi anunciada
há dois meses a mãe de todas as catástrofes. BPN e BPP foram coisas
caseiras, mas, a catástrofe pombalina, prevista e registada nas agendas
secretas do poder e ocultada para safa dos tubarões, abalou pela raíz os
alicerces da economia portuguesa.
O BES foi-se e a PT idem. Escusam de estar a complicar as coisas
porque a essência do ser, pela genética, é a mesma: a PT é o BES ou o BES é a
PT, tanto faz. A PT foi, como se diz agora, o veículo para sacar massa aos
portugueses durante anos que financiou os lindos negócios de que se sabe pouco
mas que irão conhecer-se aos poucos no futuro; as contas irão aparecendo.
Esperou o Governo por milagre no 13 de Outubro, com alguma fé.
Como todos viram, só houve o da chuva. Não podendo adiar
por mais tempo o senhor PM acabou por anunciar o seu milagre: o Orçamento de
Estado para 2015, mais do mesmo com ligeiros fumos de ilusão para não espantar
o indígena: CES, IRS, recuperação de 20% para os sangrados da função pública
acima dos €1500 e o crédito fiscal para 2016. Este crédito será tão improvável
como acertar no euromilhões, matemática que a minha avó dizia ser a mesma que
contar com o ovo no sim senhor da galinha. Antes desta bênção já tinham sido
dadas umas canadianas ao ordenado mínimo nacional, entrevado há anos com estudos
e mais estudos, para apurar a bondade do aumento de uma bica aos escravos do
costume. A grande invenção, digo, inovação do ministro Moreira é o verde.
Surpreendentemente. Então ele não é do Porto? Para a elite que não criava nem
aumentava impostos não está nada mal.
Como o deficit deste ano vai ser muito difícil de calcular, só
para facilitar, não vá acontecer o algoritmo da M.ª Luís estar contaminado com
o ébola do ministro matemático ou com a gripe citius, a venda da TAP, em
banho-maria desde que o senhor Relvas se foi embora, passou a prioridade.
Anunciou o ministro Lima: até ao fim do ano corrente. E ao desbarato, digo eu,
tipo, quem dá menos. A gente quer é o dinheirinho até às 23h59m59s de 31 de
Dezembro de 2014. Todos os anos se repete a saga. Nem deixam o terminal do
computador arrefecer para a passagem de ano.
E em 2015, se não acontecer o tal milagre de 13 de Maio, a CGD
marcha. Então não é que a senhora ministra (como de resto o senhor
primeiro-ministro) - que não tinha nada a ver com o BES, que era assunto do
Banco de Portugal, que a solução de resgate dispensava a sobrecarga dos
contribuintes - se descai a dizer que se a CGD fosse privada não haveria saque
aos contribuintes… Perceberam? Vende-se
a Caixa, sim senhores. Aos chineses que têm lá muito dólar. Livre de
encargos! Mas primeiro rebenta-se com ela com o passivo do BES
proporcionando assim um desconto ao comprador, para garantir a venda, sejamos previdentes, no
último dia de 2015. O passivo fica para o tuga que já está habituadoa
estas premências. Como marchou o BPN?
A bota do BES vai ser difícil de desatar por isso vão entreter a
coisa. Os escritórios de advogados vão ter aí um prado inesgotável. As
facilidades que os génios anunciaram no início da borrasca com a divisão do problema
em dois, banco novo (o bom) e banco Bes (o mau), estão já à vista. Os dois irão
irmanar-se fraternalmente num só mal, quebra-cabeças que durará anos. As
faturas, depois da peleja jurídica, irão parar às Finanças.
Depois disto tudo, como a dívida irá continuar a aumentar - os
portugueses são preguiçosos, como anunciou ao mundo a senhora chancelarina
berlinense, e uns estraga-albardas a viver acima das suas possibilidades, disse
o PM, sem emenda - será lançada uma OPA de toda a
faixa litoral do retângulo pelos fundos credores .
Os descendentes dos lusitanos que restarem e não se submeterem aos
ditames do Diretório Administrativo, gozarão de liberdade nos territórios de
origem: os montes Hermínios.