Qualquer pessoa, mesmo com o peso específico próximo do
hélio, percebeu que a cena montada pelo governo só não é farsa porque é drama. Todo
um povo está a ser enganado, a ser desapossado do resto de dignidade que ainda
conserva. O guião bifurcado na versão
Passos e na versão Portas não tem qualquer lógica, mas estes políticos são
exímios ilusionistas. Há sempre medíocres atores, ávidos pretendentes a pisar o
palco, dispostos a desempenhar o ridículo papel criado à pressa para as
eleições de Maio do parlamento europeu.
Começou pelo senhor primeiro na chamada Lisbon Summit a
falar na língua de Shakespeare “para inglês ver”. Ora, de nada valem estas
cénicas pelintras porque os donos do dinheiro têm objetivos bem definidos, continuar
a sê-lo; a lógica capitalista é quanto mais juro me deres mais meu amigo és. Por
seu lado, o vice presta-se a animar festas falando em espanholês; pode ser
engraçado para distração de convivas em banquetes na américa latina mas os germânicos
que são quem decide na EU não vão ao barril.
Andou o sr. Doutor Vítor Gaspar mais de um ano a ensinar
matemáticas e excel àqueles dois para nada. Apesar de os indicadores mostrarem
que devemos mais e podemos pagar menos do que quando o Sócrates chamou a troica
por encomenda do Ricardo e afiliados, apesar do relatório da 10ª avaliação da
Troika considerar de barro a recuperação, o milagre, o exemplo da economia
portuguesa, saem espavoridos a proclamar uma virtuosa gravidez quando não passa
dum mioma.
Para completar o ramalhete, as hostes laranja estiveram
reunidas este fim de semana para lavagem de toda a mácula; comungaram a sagrada
verdade proclamada pelo mestre e ficaram prontos para ir por caminhos e
veredas anunciar a boa nova.
Passado o efeito da droga a ressaca vai ser forte. Com a
Troica a ir a banhos para o mar Egeu a Luís reunirá o concílio que deliberará em
conformidade: que venha então o 2.º resgate, inteiro ou em cautelas, de
preferência limpo a tira nódoas ou palha de aço. Corta-se nos salários e
pensões!
Nem é preciso virem os senhores de fora fiscalizar. Os de cá
aprenderam bem como fazer. E o povo? Ai aguenta, aguenta!