quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O tempo que vem


http://olhares.sapo.pt/


Um tempo que foi o nosso,
tão pleno de estio
seco, ardente frio,
as mãos, os pés,
o estômago vazio.

Um tempo que foi tão nosso
de ilusão e candura
de liberdade cercada
de tanto, nada
de fartura, de pobreza
amolecida em reza.

Por sorte o mesmo vem
lá, já não nosso,
a outros pertence
que não sabem
do frio no inferno,
o inverno.

Quem nos dera agora
o eflúvio, a baba do sonho,
a doce ternura
dum seio,
se ainda perdura
nosso, o tempo de criança.




abr2011
hajota

4 comentários:

  1. A poesia brota de ti com uma naturalidade que até doi...
    E que conteúdos...

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  2. Em nós existe sempre a criança que fomos.
    Com vivências muto especiais, que nos definiram para toda a vida.
    E todos precisamos, uma vez por outra, de colo.

    ~ ~ O poema choca pelo realismo, pelas carências que aponta, numa vida tão tenra ~ ~

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  3. Está-lhe mesmo no ADN esse dom, Agostinho.
    Excelente!!

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