O verão solta os cabelos como a mulher
que se ergueu do leito e avança para o espelho,
com as mãos da manhã a viajarem pela sua pele.
Nuno Júdice, A Convergência dos Ventos,
início de Metamorfoses em Agosto, ed. D. Quixote
aparição de rosto e fruteira numa praia, Salvador Dali |
na aparente água transparente
Transpirada a cristalização faz-se
até que demencia a criatura
em clarões de vermelho febril:
gera-se o belo a forma pura
Dum gesto de dominação incontido
o frémito cresce em ondas
que se levantam indomáveis
e retalham toda a pele em rios
de margens a espuma bordadas
De manhã a viva cal
derramada trespassa a vidraça
E no verão toda da praia ferida
é uma indelével crosta florida
que sabe a sangue e a sal
hajota
Belíssimo, Agostinho! O corpo feito Verão. O Verão feito corpo.
ResponderEliminarBeijinhos :)
Uma descrição do Verão muito original.
ResponderEliminarGostei muito.
Aquele abraço
Ao ler o seu poema, Agostinho, senti-me rodeada de mar, da vertigem das ondas a bordarem as margens de espuma. Será a época das marés vivas? O sal misturado no sangue deixa que a "praia ferida" descanse na clareira do peito. As mãos a arder riscam no olhar um silêncio sem contornos.
ResponderEliminarO seu poema é muito belo, assim como a epígrafe de Nuno Júdice e a pintura de Dali, num diálogo muito conseguido.
Um beijo, meu Amigo Agostinho.
tens razão, amigo
ResponderEliminaro verão, por vezes, traz insolações que despenteiam as mentes rss
mas quem não aguenta o calor que fique em casa.
gostei do poema - denso, preciso, conciso e ... eloquente!
abraço
Palavras indomáveis
ResponderEliminarem todas as estações
Abraço
O que senti do que li: força, vida, energia, vitalidade...
ResponderEliminarGostei muito do seu poema!
beijinho
O mar no silêncio... O mar no brilho do Sol... E eu senti-me no topo do Mundo...
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Caro Agostinho,
ResponderEliminarPrimeiro enfatizar que adorei este trecho poético do Nuno Júdice (irei
buscar mais e grata por conhecer mais uma bela poética!).
A imagem da obra do Salvador Dali, é uma arte sofisticada, complexa e
de uma singularidade misteriosa e hipnotizante...
Isso me liga a tua arte poética, de uma sofisticação expressiva e uma
complexidade singular que nos hipnotiza também, diante da criatividade
poética no seu todo.
Este teu poema é uma bela saudação a magia do mar, ao verão
e metaforicamente a vida, aos desejos e as palavras que
criam ondas de sentires repletos de vida!
Parabéns, Poeta.
Bj.
Depois da bela frase de Nuno Júdice e da insólita imagem de Dali, um poema de imagens dos sentidos - muito bonito! Tudo muito bem envolvido... (como sempre)
ResponderEliminar(Se alguma vez fosse grande, gostava de ser assim...)
é assim mesmo um verão feliz
ResponderEliminarum abraço Agostinho
a epígrafe de Nuno Judice enriqueceu ainda mais este poema, que de uma forma enaltece o verão e tudo o que ele nos traz.
ResponderEliminaruma particularidade que este trabalho tem e que talvez o autor nem notou é que pode ler-se nos dois sentidos (de baixo para cima) e também fica bom.
bem escolhida a imagem de Dali
saudações poéticas
:)
Nada mais inspirador do que cabelos ao vento, desde o perfume, ao movimento... acho que tu, Agostinho, depois das palavras que deixaste no meu blog, me deixou feliz e inspirada, nem sei como saíram estas palavras, mas nada como deixar o vento soltar os cabelos e as palavras desapegadas, pela manhã, na praia, a sangue e a sal. E, sempre é um bom tempo para apreciar Salvador Dali.
ResponderEliminarMuito agradecida pelo teu carinho, Agostinho.
Deixo um beijinho e o desejo de dias felizes.
Não temos domínio sobre o que temos amanhã se sol se chuva se céu azul ou cinza.
ResponderEliminarE aí vemos que somos imperfeitos e a vida é tão linda ! o verão! colore transborda e o 'sol adensa'
Linda composição de poema e imagem.
abraço meu Agostinho
O que posso comentar quando tudo é perfeito e criteriosamente escolhido.
ResponderEliminarSenti na carne este poema "que sabe a sangue e a sal".
Um poema que nos queima!
Um beijinho e até Setembro Agostinho!
Um poema denso e eloquente, algo surrealista, bem sublinhado pela pintura do Dali e pelo trecho do Nuno Júdice, que nos faz sobrevoar a orla marítima no verão.
ResponderEliminarExcelente, meu amigo, parabéns por mais esta pérola poética.
Agostinho, tem um bom fim de semana.
Abraço.
Dê as voltas que o mundo der, haverá sempre uma alma, em nome de outras almas, que perpetua a inquietação, a vontade de irmos mais longe, através dum olhar, dum gesto, dum poema...
ResponderEliminarGosto muito de o ler, Agostinho.
Abraço :)
No frio que está fazendo por aqui, é bom
ResponderEliminarler algo para esquentar a alma. A imagem condiz
com o poema.
Boa semana.
Muito bem escolhido o quadro de Dali para o poema...
ResponderEliminarFeliz Agosto
Agostinho,
ResponderEliminarDepois de ler “Emulações estivais”,
o que posso dizer? Simples: trata-se
de um poema da melhor qualidade.
Parabéns, pois, ao poeta.
Grande abraço.
Pedro.
OI AGOSTINHO!
ResponderEliminarO BELO, EM SUA FORMA PURA NA CABEÇA DO POETA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Uma belíssima homenagem ao Verão, neste seu magnifico poema, Agostinho!
ResponderEliminarÉ precisamente quando a praia não se encontra ferida... que mais aprecio recolher imagens... embora seja bastante difícil, no sítio para onde vou... pois a qualquer hora... são bastante concorridas, nos meses de Verão...
E como sempre, as demais escolhas... não se poderiam mostrar mais adequadas...
Deixando um grande abraço, por estes dias, em que farei uma breve pausa, por lá no meu canto, contando voltar no início de Setembro!
Até lá, então!... Tudo de bom!
Ana
Olá, obrigada pela visita.
ResponderEliminarSó para avisar de que ainda hoje haverá um novo capítulo da História do Zé.
Beijos e abraços
Marta
Boas férias....
ResponderEliminar;)
Agostinho,
ResponderEliminarGostei do mote que escolheu.
O seu poema é lindo, lindo, talvez seja vibrante mas achei-o, no final, triste.
Talvez seja absurdo o meu comentário por causa do crescendo do poema mas sal e sangue...
Talvez seja da hora em que o li.
Parabéns. :))
Bj
Anda no encalço do verão, meu Amigo Agostinho?
ResponderEliminarUm beijo.
É o verão a desejar-nos para além das nossas peles. É mais do que o sol, o mar. É uma perfeita transfiguração. E mais e mais, meu caro poeta! E a comunhão com Dali e Júdice.
ResponderEliminarForte abraço,