sábado, 21 de março de 2015

O mundo é grande

vieira da silva_la forêt des erreurs_1941


Por réstias riscadas nas entranhas
em emaranhadas encruzilhadas,
do eu, 
separando à força de mãos
o conhecido do ignoto,
não encontro o âmago de ser.


Por mais que me insinue e percorra
os labirínticos ocultos da escuridão,
em mim,
onde dizem haver início e fim,
não encontro nas sinapses
uma mensagem que me descanse.


Para retomar o fôlego volto à luz
que a natureza me deu,
porém, eu,
ao retomar a procura nos espaços 
húmidos vermelhos quentes
detém-me os movimentos um embaraço 
e não encontro o que sou.


Fico perdido sem saber o rumo:
a caverna esconde o finito
e o mundo é grande. O meu; infinito.



hajota

13 comentários:

  1. Olá, boa noite.
    Jogo de palavras que tornam maravilhoso o escrito. Gostei.
    Um abraço
    Alice

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  2. ~
    ~ ~ ~ ~ Excelente, Poeta amigo! ~ ~ ~ ~

    ~ ~ A Primavera abençoou-o com elevada inspiração!

    ~ ~ ~ ~ Dias amenos, felizes e amorosos. ~ ~ ~

    ~~~~~~~~~~~~Abraço amigo~~~~~~~~~~~~

    .

    .

    . ~ Sugestão. ~
    ~ ~ ~ ''A caverna esconde o finito
    e o mundo é grande. O meu; infinito.'' ~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  3. Temos que voltar sempre à luz e depois continuar....Mesmo que pareça que se perdeu o rumo ou que se desconhece o "eu"....
    Brilhante....
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Poeta,
    Sai de ti
    No mundo, não é raro
    encontrar amparo
    em quem também esteja assim

    Estranhamente, somos
    um somatório de eus
    infinitamente solitários
    e ... sem rumo

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  5. Agostinho,
    A luz é sempre um remédio para a alma.
    Bom Domingo!:))

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  6. Mas que lindo poeta! muito apropriada a tela de Vieira da Silva.
    Bjs

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  7. Parabéns pela pequenina que nasceu com a Primavera.

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  8. E a inspiração também é infinita, Agostinho.
    Aquele abraço, boa semana

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  9. o desassossego do EU (ou do Poeta)
    uma procura inglória onde a inspiração traz travos de fogo e luz e quiçá nebulosidade e ansiedade.
    um belo poema!
    :)

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  10. Voltar à luz para retomar o fôlego. Muito belo, amigo. "As encruzilhadas do eu" são labirínticas. E tantas vezes nos perdemos dentro de nós como se tivéssemos a vida por um fio e Ariadne não aparecesse...
    Um beijo.

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  11. Sempre à pergunta de infinitos
    por vezes tão perto
    que nem lhes podemos tocar

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  12. Nossa natureza tende a ser plenitude e carência. E a poesia é isso ,
    _ encanto-me irremediavelmente pelos poetas que delicia-me com a luz escondida na 'caverna',
    Bonito Agostinho

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  13. "humano, demasiado humano..."

    gostei do poema. lucidez e sensibilidade

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