Há estradas que têm em si mesmas a sabedoria da eternidade
e nós, caminhantes efémeros, fartos de soberba e erudição,
ignoramos os sinais do tempo que as horas nos dizem;
ficamos com os olhos a arder na poeira dos dias,
imobilizados por duas lanças de dor.
Peço desculpa pelo abandono a que votei os meus caros visitantes
e amigos, aqui e nos blogues por onde habitualmente deambulo.
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frida kahlo |
O
movimento pendular das translações
o
divino equilíbrio ortogonal dos planos
anos
e anos em regular geometria
num
automatismo de máquina suíça
esquece
o trajecto correcto das linhas
rompe
o paralelismo a tangente a secante
perturba-se
e embrulha-se em novelos
Amnésias
esfarelam a ordem e a gaguez
distraída
sem cuidar das profundidades
onde
o vácuo se anima em torvelinhos
assassinos
onde o caos afunila a mente
retorta
inviável do escapismo inocente
E
tudo se reduz a um ponto de cinza
Agora
a manhã não é certeza de Sol
E
ainda ontem tudo vogava no espaço
à
escala distância humana dum passo.
hajota
Sei, poeta
ResponderEliminarpara onde se esvai a letra
e a tua escrita
mas...
se as "Amnésias esfarelam a ordem"
"E tudo se reduz a um ponto de cinza",
esperamos o quê?
Por aqui já há uma série de dias que é certeza de nuvens, chuva, trovoadas.
ResponderEliminarQue neura!!
Aquele abraço, bfds
Não há certeza de mais coisa alguma ,
ResponderEliminar_onde o 'homem chega já desfaz a natureza', bem como a letra da música .
Quisera fosse só o 'movimento pendular das translações...' não é?
Sim, não há certezas... Até o Sol foge de nós, mortais....
ResponderEliminarGostei muito do quadro...
Beijos e abraços
Marta
Olá, Agostinho!
ResponderEliminarPenso k entendi, razoavelmente, o sentido do seu elevadíssimo e erudito poema, mas, só mesmo quem escreve, é k sabe o ou os significado/s do mesmo, e, por vezes, nem os poetas entendem, os seus estados de alma, dizem.
Pois, estou com o Agostinho, já não há certezas em nada, nem de nada (antes, havia bastantes, penso eu) e a manhã até pode não ter sol, e só a tarde o conseguir "agarrar", sim, pke tudo nos foge, e nós não entendemos como, nem porquê, enfim, tudo se reduz a nada, ou a algo sem relevância. Será?
De novo, a foto de Frida Kahlo, uma mulher k sofreu imenso e k também nunca teve certezas. É assim a vida!
Bom fim de semana!
Abraço.
Uma coisa é certa: os teus poemas são uma certeza de Arte!
ResponderEliminarIncomensuráveis de tão breves e belas
ResponderEliminarsão as papoilas
É tudo tão imprevisível e tão efémero... ´Como diz "tudo se reduz a um ponto de cinza".
ResponderEliminarBeijo.
a tela da Frida Kahlo, foi bem escolhida para um poema que é um estado de alma destes tempos conturbados.
ResponderEliminare sim, tudo se reduz a um ponto de cinza.
boa semana.
beijo
:)
Belíssima poesia, como é habitual.
ResponderEliminarEspero que estejas melhor!
Beijo, Agostinho. :)
Agostinho,
ResponderEliminarDesejo que esteja bem. O poema algo dorido é lindíssimo.
Boa tarde. :))
Hoje foi um dia como a vida: fez sol e choveu.
ResponderEliminarValem-me as temperaturas amenas.
Sinto dor em tuas palavras.
Espero que te encontres bem.
Beijinhos
perturbantes os dias de hoje - em que tudo se reduz a "um ponto de cinza..."
ResponderEliminarbelo, teu poema.
abraço
Agostinho meu amigo.
ResponderEliminarSenti tristeza no seu poema é impossível ler sem notar
apesar da beleza dos seus versos.
Tenho notado sua ausência embora eu também estou devagar
a espera de uma cirurgia.
Meu amigo.Que Deus abençoe você sempre.
Feliz final de semana.
Abraços..Evanir.
ResponderEliminarthank you
سعودي اوتو
Palavras muito sábias, donde ressalta uma certa tristeza e desesperança.
ResponderEliminarUtópico seria esperar equilíbrio quando a ordem foi esfarelada por amnésias, pondo em risco o trajecto correcto dos passos humanos, cuja mente se apressa rumo ao caos.
O sol talvez nasça amanhã, se o Homem não o mudar de lugar.
Bom fim de semana, e melhoras do estado de espírito.
Um abraço
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
... e desse ponto cinza ainda pode surgir vida.
ResponderEliminarSempre belo, Agostinho.
Beijo.