Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
As pedras da calçada que piso transpiradas
de medo e angústia, a vida
sustida por um ténue fio, o frio
a cortar sem piedade corações.
Lá fora a luminosa Lua brilha Cheia
para todos, por igual, mas há
uma real diferença fundada na indiferença
não escrita na Lei da humanidade.
Eles e eu com direito à vida, à liberdade,
ter um chão, na crença da igualdade,
enraizados na razão de sermos irmãos
Que diferença há então?
Eles desesperados sem pé, num mar
de tragédia, fogem da morte
e eu estupidamente sentado, no conforto
da sala, olho aquela mancha na tv,
que enregela ao cinzel branco dos Balcãs.
Entre estar dentro ou fora, as pedras
da indiferença são corações sem sorte
que piso entre a vida e a morte.
Eu preocupado, entre rimas e rosas,
e as flores perdidas a manchar a neve!
hajota (12/01/2016)
Lucian Freud - guy half asleep |
Um poema que é um grito de angustia e tristeza.
ResponderEliminarDe todos os artigos que constituem a Declaração Universal dos Direitos Humanos, quantos são, na prática, cumpridos?
O que está acontecer no mundo envergonha toda a Humanidade.
Obrigada por estes versos, Agostinho, todos temos responsabilidades para com o nosso semelhante.
Mas, as crianças, ah as crianças, serão sempre as vítimas inocentes, as marcas que mancham a neve e perturbam a nossa consciência.
Um beijo.
Gostei tanto...
ResponderEliminarBeijinhos
Uma reflexão muito sentida. A verdade é que o que se está a passar e, que comodamente instalados nos entra pela casa, dentro é demasiado vergonhoso. E muito inquietante. A declaração Universal dos Direitos Humanos está esquecida. Cada país e quase todas as pessoas querem a sua "segurança" e ignoram o sofrimento dos outros. Até quando? Se nada for feito vai chegar um dia em que eles, os refugiados, que já não têm nada a perder, vão ignorar os muros e as fronteiras e vão avançar...
ResponderEliminarEntretanto é como diz o seu magnífico poema também eu me vou preocupando, "entre rimas e rosas,
e as flores perdidas a manchar a neve!"
Um beijo, meu Amigo Agostinho.
estamos do lado visível da lua, e o outro lado, o mais sombrio e escuro (do nosso ponto de vista), nem sequer poderemos avaliar na sua real dimensão.
ResponderEliminarquanto mais perto, mais fere a desgraça alheia, mais a sentimos.
as imagens, que todos os dias afloram a nossa inquietação, são por demais repetitivas, contantantes em vários cenários, que corremos o risco de nos habituar-mos a elas e 'desligar-mos', tornaram-se banais.
e isso é realmente o que não pode acontecer.
'neste' sofá (bela imagem) o poeta olha, para além do olhar; sente, para além da dor; pensa, para além da palavra, e constoi um alerta, vivo e intenso, no nosso despertar.
muito bom, meu Amigo, José Luís
Um forte Abraço.
* A dor (ao meu Amigo, aqui...)
ResponderEliminarhoje o meu despertar foi de dor,
não a minha, mas a que vinha
ao meu encontro, tanta era a saudade no amor.
era tanta essa dor, pressentida no que lia, que não posso imaginar, como se pode tanta dor suportar .
a dor dos outros não a podemos partilhar.
só pela nossa dor a poderemos, um pouco, avaliar.
na nossa dor há mecanismos próprios de defesa que atenuam (ou não) a intensidade e persistência.
é por isso tão difícil calcular o que outros sentem na dor.
a dor dos outros não é a nossa.
a vida também é feita de dor: nasce-se e ela já connosco vem; cresce-se e ela também.
tanta é a dor que o mundo tem:
tanta é a dor no desamor;
na saudade; na maldade; na guerra; na perda, que tem de haver uma compensação, no equilíbrio dum planeta.
é nisso que acredito.
tanta e tamanha é a dor,
que o mundo tem de ser um grande amor.
a tua dor não é minha
não a posso avaliar
sem amar...
mas a minha
mal a posso sentir.
lmc
hajota
ResponderEliminareste poema é demasiado real (e triste) que não o consigo comentar como desejaria.
comovem-me certas cenas que vejo, e sinto-me tão pequena diante de tanta injustiça.
um poema necessário que é um grito de revolta e tristeza sobre um tema actual.
bom domingo
:(
Um Mundo desesperado a gritar... E poucos são os que verdadeiramente ouvem...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Os Direitos Humanos andam pelas ruas da amargura.
ResponderEliminarAs coisas não mudam porque quem manda não quer mudar nada. A ganância, o poder e o dinheiro dominam.
Boa semana para si, Agostinho:)
E lá fora a vida acontece, não é?
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
As desigualdades criadas pelo homem ao homem.
ResponderEliminarUm texto de que gostei muito.
Beijinho
Belissimo, angustiado e terrível texto!
ResponderEliminarAbraço para si
escrever faz esta diferença
ResponderEliminarderrete o gelo de corações distraídos
um abraço, Agostinho
Um belíssimo momento poético, que descreve na perfeição... este adormecimento, que os meios de comunicação nos provocam... fazendo do sofrimento, algo tão banal como a paisagem...
ResponderEliminarOs actuais meios de informação... já não informam... banalizam...
O mundo talvez fosse um pouco melhor se o Artigo 1º, não fosse um dever... antes uma obrigação...
Beijinho! Continuação de uma boa semana!
Ana
são poema como este, caro Agostinho, que dão sentido ao acto de escrever
ResponderEliminare o conteúdo se molda numa na forma adequada, temos então obra de arte
gostei de verdade, meu caro amigo
caloroso abraço
Whoever the maker is he made everything and everyone so beautifully and equally. He displayed all his wisdom through the most important book Nature!
ResponderEliminarIt tells that how strong yet how weak we are front of the laws of nature.
No matter what a group of people thinks about the others and no matter how much clarification is done on the bases of baseless and valueless things it is fact that each of us is born with uniqueness and here to explore his skills to beautify the pattern of life .
Puseram-nos um periscópio para espreitar o mundo, mas antes deram-nos uma injecção para nos privar de toda a acção, alertando-nos, com guizo mil vezes sonado, para o quanto somos privilegiados por respirarmos em zona resguardada.
ResponderEliminarMundo danado, este, Agostinho.
Grande abraço
"e as flores perdidas a manchar a neve!"
ResponderEliminarEsta realidade choca a todos quantos sentem como humanos; a diferença é que poucos a escrevem desta forma, tão sentida quanto poética!
Um poema belíssimo que ecoa a indignação da dor da indiferença,
ResponderEliminartem que ser um Poeta (com dosagem alta de humanidade...) a
dar voz a esta indignação.
Parabéns, Poeta amigo.
Uma leitura tocante e essencial diante deste mundo cada vez mais
povoado por pessoas áridas e indiferentes.
Bj.
Perante a crua realidade da vida, um poema nunca revela o que o poeta realmente sente.
ResponderEliminarNeste caso esteve lá tão perto.
Um beijinho
Agostinho,
ResponderEliminarA escolha de Lucien Freud foi magnífica para ilustrar o seu poema que me encantou.
Beijinho.:))