As línguas têm sempre veneno para verter.
Jean Molière
Claude Monet |
Vejo cataratas a catar
a vida alheia nas letras
gordas dos jornais
mais próximas que a
vizinha do andar
Espiolham o lúgubre charco
- facas sangue vinganças
paixões -
vacuidades condenações de meirinhos da
política
Há olhos ávidos almas
penadas
e cépticos em movimento perpétuo
pendular
masturbatório de anos no
mesmo lugar
e outros. Diluídos na
persistência inglória
de prender o nada entre os
dedos em ruína
nem pressentem o mal que os
mina
hajota
Prender o nada... belo poema.
ResponderEliminarAdorei a imagem de Monet fazia muito tempo que não
me deparava com trabalhos desse pintor se não me engano
da era do impressionismo.
Abraços.
Gosto muito de seus poemas. Gosto da sonoridade: costumo lê-los em voz baixa, resgatando o sotaque de meus ancestrais, hoje perdido em minha brasilidade... Gosto das imagens, das metáforas e do jogo de palavras e de sentidos. Enfim, é com prazer que leio suas postagens (na verdade, sem muita regularidade - que tento corrigir lendo várias na mesma noite...) Obrigada por permitir a nós, leitores, esses momentos agradáveis. Abraços.
ResponderEliminarCom todos esses quês e porquês ainda não prescindo da leitura diária dos jornais, Agostinho.
ResponderEliminarBoa tarde, a imagem de Monet é maravilhosa, assim como, o seu poema e todos os poemas que partilha são belíssimos.
ResponderEliminarBoa semana,
AG
Não gosto de clichês, porém, ao ler o teu poema me veio à mente um dos mais citados a respeito da leitura de alguns jornais: “se espremer, sai sangue”. Aqueles que apresentam na maioria de suas páginas os crimes mais hediondos, muitas vezes com riqueza de detalhes. O teu verso “a vida alheia nas letras gordas dos jornais mais próximas que a vizinha do andar” nos dá a dimensão exata do poder exercido por este veículo de comunicação, e como os leitores “nem pressentem o mal que os mina”.
ResponderEliminarVemos um Monet (retratado por Renoir) a ler um jornal que, naturalmente, à época, tinha compromisso com a seriedade, com a preocupação de levar ao leitor as notícias que realmente pudessem mostrar assuntos que deveras poderiam enriquecer a cultura de cada um.
O nosso inigualável Machado de Assis, que tudo fazia para deixar clara a sua importância, escreveu que a imprensa “era o fogo do céu que um novo Prometeu roubara, e que vinha animar a estátua de longos anos” e que a chegada do jornal “era a faísca elétrica da inteligência que vinha unir a raça aniquilada à geração vivente por um meio melhor, indestrutível,
móbil, mais eloquente, mais vivo, mais próprio a penetrar arraiais da imortalidade”.
Agostinho, meu querido, uma postagem que muito me agradou e pela qual deixo meus parabéns, admiração e carinho.
Sorrisos e estrelas no teu caminhar,
Helena
Emergindo da espuma dos dias
ResponderEliminarna esperança
de ver a alegria
estampada
na primeira página
em letras garrafais
em todos os jornais
Já aconteceu, lembras-te?
Um vício falar da vida alheia... E não olham para dentro si... Monet é um dos meus pintores favoritos e a citação de Moliére diz tudo.
ResponderEliminarObrigada pela partilha. Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
E normalmente são sempre as notícias que destilam veneno... que mais vendem jornais...
ResponderEliminarOs jornais supostamente são instrumentos de informação... mas neles procuramos quem neles terá sido vítima de alguma forma de condenação...
Cada vez mais, o sensacionalismo ganha um protagonismo crescente... e previsível... nos meios de comunicação...
Um belo momento poético... que expõe muito bem o prazer, e a morbidez de se procurar, o que as notícias nos poderão transmitir de pior... e os meios de comunicação... fazem-nos a vontade... fornecendo-as com gosto, vontade... e muito lucro...
O prazer da leitura... muitíssimo bem registado por Monet... e que se enquadra perfeitamente nesta temática...
Beijinho! Boa semana!
Ana
Muito bom!!! Muito bem descrito, muito bem conseguido. De mais!! Que bem escreve este nosso amigo Agostinho!
ResponderEliminarParabéns!
Os jornais tentam cativar através do "sangue". Também devem acontecer muitas coisas bonitas por esse mundo fora, mas isso não faz notícia!
ResponderEliminarContinuação de boa semana:)
Fabuloso! É exatamente isto e tão bem dito!
ResponderEliminarPodemos alargar a "crítica" às televisões "cor-de-rosa", sem responsabilidade social, quando deveriam tê-la?
Abraço
a tela de Monet como suporte para um poema muito pertinente a alertar o que se passa nos jornais e não só.
ResponderEliminarmuitas vezes as notícias são só especulação e deturpação.
o jornalismo não deveria ser isso, mas há alguns jornais que vivem desse "circo" e filmes de faca e alguidar que é o que mais vende.
um bom momento de poesia, aqui!
uma boa semana.
beijo
:)
há que chafurdar na lama para não lhe sentir o cheiro...
ResponderEliminargostei deveras - muito "criativo" e muito bem escrito.
abraço
Empenhados quase sempre nas tragédias e nas comédias do quotidiano, os jornais cortam-nos o espaço, o tempo e a paciência para os ler. É pena porque podíamos ser bem informados e recolher algumas páginas de boa e reflexiva leitura.
ResponderEliminarMas, meu amigo Agostinho, felicito-o pelo poema. Escrever sobre este tema é difícil, mas foi com mestria que o fez. Gostei do Claude Monet.
Um beijo.
É mesmo lamentável que palavra
ResponderEliminarSeja (como tudo) faca
De dois gumes.
Bem escrito, bem colocado as tristezas dos fatos. Abraço.
~~~
ResponderEliminarAdmiro muitíssimo Monet e a sua obra...
Nesse tempo, o jornal era o único meio de comunicação social e não devia ser acessível a todas as bolsas... Repare como está velho...
É verdade que muitas pessoas alimentam o vício da bisbilhotice de notícias sórdidas.
Uma sátira bem concebida e conseguida do ponto de vista formal e expressivo.
~~~ Abraço amigo. ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Bem elaborado o texto,
ResponderEliminarparabéns poeta!!
"Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas, é de poesia que estão a falar". - Manoel de Barros. Lindo este cantinho Agostinho
ResponderEliminarBelo texto.
ResponderEliminarUm dia falaremos por gestos
ResponderEliminarAbraço
Gostei deste poema lancinante.
ResponderEliminarMuito bom. Parabéns.
Beijinho.:))
A imagem de Monet muito bem harmonizada com as palavras, de um belo poema, como sempre se encontra aqui.
ResponderEliminarAgostinho, deixo o meu abraço e o desejo de um ótimo domingo.
Olá Agostinho!
EliminarPassando para deixar um beijinho e os votos de uma ótima semana.
Um poema excelente abordando um tema incomum e com
ResponderEliminara sua criatividade poética singular.
A arte de Monet é fabulosa, perfeição!
Bj.
Boa semana,
ResponderEliminarAG
Escolheu a tela perfeita para um poema forte e contundente.
ResponderEliminarDescrição poética de uma realidade cada vez mais ignóbil.
Um beijinho
Monet, jornais e cataratas a catar a vida alheia... Um poema no fio da navalha. Adorei meu amigo. Amigo Agostinho, tenha uma boa semana e beijos com carinho
ResponderEliminarOlá Agostinho,
ResponderEliminarSegunda feira deixei um comentário aqui e até agora não foi publicado,
não sei qual a razão? E só o Poeta pode me dizer, mas sem que às vezes
isto pode acontecer, estas "engrenagens eletrônicas" seletivas somem
com os comentários, mas aguardo o amigo poeta me dizer?!...rss
Aproveito para deixar novo comentário e espero que as "engrenagens eletrônicas"
deixe a publicação deste...rss
Um poema excelente abordando um tema incomum com
a sua criatividade poética sempre expressada.
A arte de Monet é fabulosa, perfeição!
Abraço, Poeta.
e no entanto a dor da gente não sai no jornal
ResponderEliminarum abraço, Agostinho
Tanta gente doente da alma...
ResponderEliminarBeijos, Agostinho :)
Ahhh a saudade ! de passear por entre poemas (im)previstos e incrivelmente especiais _como é bom retornar aos meus ... obrigada pela presença que só me honra muito.Comentários que afagam mesmo longe toa longe.
ResponderEliminarDeixemos 'verter' o quanto queiram_ e cá ficamos a verter a nossa admiração uns pelos outros _nossos afetos nos importam.
Abraços Agostinho de chegada de permanência de saudade.
É muito mais fácil vender a desgraça (alheia) do que a graça, já que esta não tem graça para a maioria dos consumidores de palavras.
ResponderEliminarExcelente poema, meu amigo.
Agostinho, tem um bom feriado e um bom fim de semana.
Abraço.
O jornal lixo que vende.É a vida nas páginas e no olhar da verdade em que apenas o crivo retém a essência.
ResponderEliminarQue bonita forma de escrever, Agostinho.
Obrigada.
Na ausência de postagem nova deixo um rastro de sorrisos e um punhado de estrelas para enfeitar os teus caminhos, enquanto espero por um novo poema que venha aclarar a alma e perfumar o olhar.
ResponderEliminarUm beijo de bom-dia!
Helena
Este é o poeta. Atapeta o chão com um poema cheio de espinhos e muita criatividade. Para quem sabe lidar com as palavras.
ResponderEliminarAbraços, poeta!