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Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o que eu me suponho,
Corre um rio sem fim.
Fernando Pessoa
Criatura humana, tão humana que usa chapéu!,
moral e responsável como quer, sem descaminho
percorre em delírio e livre arbítrio
as calçadas da Brasileira e do Martinho.
Personagem criadora de personagens,
indivíduo de múltipla individualidade,
palmilha certezas sem sair da cidade,
finca-se no verso, rio das suas margens.
Sabendo da ignorância do presente
conjuga o verbo em todos os tempos,
no infinito, para não se afogar no poente,
para ser Pessoa de hoje e de sempre
Dizem que morreu há oitenta e um anos,
hoje, de cólica hepática.
Como assim, se magotes trepam a Garrett
e se sentam à sua mesa pelo aroma dum verso!?
30nov2016
hajota
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Nota: não foi editado, na data do óbito de Fernando Pessoa, como era minha vontade, por razões de "logística" .
Olá Agostinho, boa noite!
ResponderEliminarQue bela veia poética meu amigo tem! Gostei muito deste poema/homenagem a Fernando Pessoa.
Também eu já me sentei à mesa com Pessoa, ao entardecer de um dia quente, depois de uma bela passeata pelas ruas da Baixa de Lisboa.
E adorei a visita e a estadia.
Um gosto vir aqui ao seu cantinho poético.
Um abraço e votos de boa semana
Uma expressiva e bela homenagem a Fernando Pessoa, que somente um outro grande poeta poderia prestar. Acredito que dentro de todos nós possa correr um rio sem fim a nos mostrar a direção, margeados que somos por sentimentos contraditórios, emoções conturbadas, sensações infinitas. Um rio que não nos deixe estagnados...
ResponderEliminarPerfeito o teu poema, meu querido amigo!
Espero que a tua saúde esteja bem, que a tua disposição tenha melhorado, e que os versos estejam novamente a brotar dessa tua alma tão iluminada de Poesia. Por aqui, sempre torcendo pela tua felicidade.
Fica um beijo no teu coração, com meu carinho.
Leninha
No dia em que Fernando Pessoa morreu, Miguel Torga escreveu no seu "Diário": "Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era". Os poetas reconhecem-se, meu amigo Agostinho. É o que acontece com este seu poema de homenagem em que vê o Poeta como "Personagem criadora de personagens, indivíduo de múltipla individualidade". Ele foi tão múltiplo que apesar de se ter tornado tão conhecido, acho que cada um de nós só o conhece verdadeiramente dentro do coração.
ResponderEliminarUma beijo.
Sempre nos reconhecemos
ResponderEliminarnos espelhos de Pessoa
Abraço
E lemos os seus poemas em qualquer lugar em dias de Sol intenso ou chuva torrencial...
ResponderEliminarPorque sonhamos...
Bela Homenagem a Fernando Pessoa...
Beijos e abraços
Marta
hajota
ResponderEliminarque homenagem tão expressiva ao nosso Poeta maior
também já me sentei muitas vezes a seu lado junto à Brasileira
saudações poéticas
beijinhos
:)
Gostei o poema:)
ResponderEliminarBoa noite e continuação de boa semana:)
É preciso não deixar esquecer os poetas, estimado Agostinho.
ResponderEliminarLamenta-se a partida física, porém, este libertou-se da lei da morte...
Gostei muito da homenagem e do seu poema.
Um abraço, Amigo.
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gostei muito do teu poema.
ResponderEliminare a tua sentida homenagem ao poeta - "personagem, criadora de personagens"
mas o que mais me "agarrou" foi a amarga ironia dos últimos versos
forte abraço, amigo Agostinho
(estou grato pelo generoso comentário lá no meu Relógio)
Linda homenagem a um génio inquieto, Agostinho.
ResponderEliminarAquele abraço
Bela homenagem ao eterno Pessoa!
ResponderEliminarE um dos rios que corre entre si e o que em si supõe que há, Agostinho, é a poesia.
bjs
Agostinho:
ResponderEliminarExcelente e original este poema homenagem ao grande Pessoa.
Quantas vezes me sentei com ele entre o sono e o sonho.
Um beijinho
Parabéns, Caro Agostinho, pela tua bela homenagem
ResponderEliminara Fernando Pessoa, merecedor que é desse teu poema,
da melhor qualidade. Muito bom.
Grande abraço. Pedro.
Triste a vida do artista!...
ResponderEliminarDepois da morte o lamento
E o reconhecimento
Da sua arte na crista
Da onda que muito dista
Da pessoa, em seu momento
Como se outro elemento
À parte da alma altruísta
Que se deu em vida, e a morte
É que vai lhe dar suporte
Que já não condiz com o morto.
Fernando frágil de porte
Só foi grandioso e forte
No fim da viagem - ao porto.
Parabéns pelo poema! Coincidentemente também postei uma frase dele como suporte a soneto que compus ao dia de sua morte 30 de novembro. Fernando foi o maior dos grandes - ao saber de meu interesse, maior que Camões e ao interesse do meu saber, Camões foi maior. Meu abraço cordial. Laerte.
Pessoa era fantástico e quem por ali passa, não passa sem ali se sentar :) O Agostinho não lhe fica atrás, tantos poemas maravilhosos :)
ResponderEliminarAgostinho, meu querido, quis me fazer presente no Natal dos amigos blogueiros, por isso organizei um mosaico com o nome e foto de todos. Os que não possuem fotos no blog coloquei o nome numa paisagem. Assim como fiz com o teu. É uma singela homenagem, mas enquanto a preparava pude afastar do coração algumas emoções negativas. Sei que é uma época de paz, amor e harmonia, a ser vivida com o coração alegre. Infelizmente, devido aos últimos acontecimentos, o meu Natal deste ano vai ser vivido com muita dor no coração, pois em cada instante estarei lembrando do companheiro que recentemente partiu para um outro plano.
ResponderEliminarEnfim, amigo, é a vida ditando o seu rumo, o destino nos pegando de surpresa, e no meio do vendaval ficamos nós, pequeninos seres, à mercê de acontecimentos que nos tiram a alegria de vida.
Quando puderes, dê uma passada por lá. E sinta que, para muito além da homenagem prestada, está o imenso carinho, respeito e admiração que tenho pela tua pessoa.
Um beijo aconchegado na tua árvore de Natal, no desejo de que este seja vivido com muito amor junto dessa maravilhosa família.
Meu carinho,
Leninha
Grande Fernando Pessoa! Figura no topo.
ResponderEliminarBonita sua homenagem, Agostinho. Adoro tudo desse poeta.
Do Poema em Linha Reta...
(...) Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Abraços, amigo. Parabéns pelo blog.
"conjuga o verbo em todos os tempos,
ResponderEliminarno infinito, para não se afogar no presente"
Tens esse dom de sintetizares em dois ou três versos (ainda por cima bem ajaezados) todo um rico universo...
Parabéns!
Agostinho,
ResponderEliminarQue bela homenagem ao poeta maior. :))
Gostei muito.
Obrigada por aparecer apesar de eu andar longe e não retribuir gentilmente as suas visitas.
Beijinhos e boa semana!:))
Pois... o Poeta não morreu, na verdade.
ResponderEliminarExcelente homenagem, o teu poema é muitíssimo bom.
Boa semana, caro amigo Agostinho.
Abraço.
Excelente homenagem ao poeta que não morreu nem morrerá, enquanto os seus versos forem cantados (por poetas de gabarito, como é o caso...)
ResponderEliminarObrigada por esta partilha que "nos" enriquece.
Aproveito a oportunidade para desejar um Natal de sonho, mas de sonho real...
Votos de uma semana muito feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Uma belíssima homenagem ao Pessoa com múltiplos Eus,
ResponderEliminaro mestre da poesia que tocava as palavras na
alquimia dos diversos significados.
Preciosa esta partilha, com o selo da tua
competência poética a evocar o Poeta mestre.
Um semana luminosa, caro Agostinho.
Bj.
Ps: Sempre grata pelos seus comentários atenciosos
que acrescentam no meu exercício da escrita...
Um poema sem medida para homenagear outro poeta.
ResponderEliminarO texto de Graça Pires traduz o espírito de todos nós.
De todo modo, é bom salientar o quanto é bom ouvir este grito que se ergue para o alto para mantê-lo ainda mais vivo.
Forte abraço,
Caro Agostinho, boa noite amigo!
ResponderEliminarBem, pelas últimas palavras que trocamos, espero que estejas bem de saúde. E eu, sempre agradecida pelas suas gentis palavras, quando visita-me no blog. Por lá, sempre terão delícias adocicadas ou salgaditas para o teu deleite, acompanhadas de um café ou uma água saborizada com folhas frescas de hortelã ou um licor para adoçar a alma de um poeta que eu admiro e faço gosto em visitar, que és tu!
Por aqui, sempre versos dos mais elevados, porém com a simplicidade adequada para arrebatar os meus sentires.
Aqui eu fiquei uns instantinhos, sentindo-me como uma pena, a bailar no ar: "...no infinito, para não se afogar no poente..."
Pois então!
Ficou um um exagero o grito que "se ergue para o alto". Aceite-se como um pleonasmo, caros leitores!
ResponderEliminarUm abraço , caríssimo poeta!
Parabéns, pela excelente construção poética, em jeito de homenagem ao nosso Pessoa.
ResponderEliminar(Li algumas postagens anteriores, algumas reli-as; na altura em que vim aqui pela 1.ª vez, não quis expressar o desejo de uma boa recuperação física, não me pareceu ético. Primeiro, assim o entendo, há que ficar mais próximo da pessoa pelo que dela lemos; hoje, e porque é o mais importante, desejo-lhe toda a saúde que desejo ter para mim.)
Bjo, amigo
Uma belíssima homenagem, para mim, ao maior poeta e pensador português de todos os tempos... e imbatível, para mim, até hoje...
ResponderEliminarA sua escrita continua apaixonante e desafiante através dos tempos... e a sua opinião sobre tudo... continua-me a deixar absolutamente fascinada... recordo-me de uma dissertação... até sobre um calendário de parede, no Livro do Desassossego, que o mesmo lhe suscitou...
Este poeta continua palpitando vida em cada palavra que nos deixou...
Costumo ter sempre este livro por perto... como uma bíblia... abro-o ao calhas... e o que tem para me dizer... é sempre um constante desafio... e profundamente admirável...
Magnifico post, Agostinho!
Beijinho! Festas Felizes!
Ana