O destino
O destino eram
Os homens escuros
Que assim lhe disseram:
- Tu esculpirás Seu rosto
de morte e agonia
Sofia de Mello Breyner Andresen, Cristo Cigano
Paula Rego, the dance |
O mundo desarvorado
numa aventura de homens
loucos
investidos
providencialmente
pela esterilidade das suas
ideias:
nas paredes alastram dores
capilares num rendilhado como teia
prenunciadores
dos dias futuros de ruína
A casa toda
vibra de uma estranha
emoção
Sento-me no chão
térreo onde fico separadodas coisas
suspensas na ordem mundana
nas
paredes da vida
Olho o relógio do tempo e
vejo
o movimento ainda inteiro
o ritmo atómico dos
ponteiros
vindo das profundezas
e o susto golfa
adrenalina
até que o coração se
sincroniza
na cadência original
Mesmo não acreditando
uma prece um sussurro
pode mudar o mundo
- quem sabe -
se a folha só
que no desamparo nega
o destino cai
num afago de mãos
hajota
Enquanto as mãos se fizerem afago há esperança.
ResponderEliminarMuito bom, Agostinho!
Beijos :)
Que belo poema, Agostinho.
ResponderEliminarLeio-o e, entendendo-o, não o sei explicar.
Nem por palavras escritas, provavelmente, nem ditas.
No final, o afago de mãos, é o principal.
O quadro da Paula Rego é um verdadeiro Luar de Agosto.
Um beijo, boa semana e votos de melhoras.
Quantas vezes são pequenos nadas que alteram o rumo das nossa vidas, Agostinho.
ResponderEliminarLindo poema!
Aquele abraço
Quem sabe se, no coração à deriva, se revele urgente essa prece, como um chamamento inquieto que resgate todos os trilhos da esperança...
ResponderEliminarUm belíssimo poema, meu Amigo Agostinho.
Um beijo.
quem sabe?! mesmo nao acreditando como bem diz o poeta neste excelente poema, por vezes um olhar, um gesto e muitas palavras poderiam mudar o mundo.
ResponderEliminare fecha com chave de ouro com o afago, mesmo que seja nas mãos em todas as mãos...
muito bom
a imagem da Paula Rego ficou bem enquadrada
boa semana.
beijinho
;)
Há sempre essa dúvida, mas acredita-se que tudo será diferente... Basta ter esperança.
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
os homens de negro, que tornaram o mundo em escuridão, que deixaram um rasto de destruição, são os mesmos que hoje ainda cá estão.
ResponderEliminaro Poema desperta-me essa visão, dum "mundo louco" que, mesmo não sendo crédulo, leva aos lábios uma prece.
Um belo e agitado poema...para reflectir.
o poema introdutório da Sophia, dá-nos um Cristo de ódio e agonia como destino, desses mesmos homens-negro e de negra alma vestidos. estaria a pensar no nazismo? acredito que sim!
O seu poema é um poema é... pêras.
Um abraço
Ai o que esta bela época infunde nas almas mesmo nas mais descrentes...
ResponderEliminar(Onde aprendeu a ligar as palavras tão bem?! Também queria, mas há competências que são para alguns. Parabéns!)
poema inteiro este em que te jogas, caro Agostinho
ResponderEliminarmesmo não acreditando balbuciemos a prece! e afaguemos mãos:
todos temos direito ao calor íntimo dos afectos
ambos sabemos que "há mais vida" para além da época.
abraço
Já uma vez o Agostinho colocou esta pintura da Paula Rego que ilustra bem o início brilhante do seu poema!
ResponderEliminarUm mundo de loucos em que só alguns ainda acreditam na salvação e em que os que não acreditam precisam de acreditar, para fazer sentido toda esta dança ou destino...
Uma belíssima abordagem para o que não é belo!
Beijinhos
Um poema tão belo e tocante.
ResponderEliminarToca na esperança (esta que vem de um sentir com crença ou não...)
no afeto humano de irmandade de raça, possa movimentar os porteiros
das horas numa dança da vida, em que: "o destino cai
num afago de mãos."
Que harmonia na composição de um todo de arte: o teu magnífico poema
com a imagem escolhida.
Apreciei imensamente este teu poema, caro Agostinho.
Grata pela leitura aqui!
Bj.
Mesmo não acreditando, acreditas que o Apocalipse não é uma fatalidade...
ResponderEliminarCaro AJ: Estás cada vez mais um poeta-filósofo!
Mesmo não acreditando
ResponderEliminaro tempo passa
inexorável nos ponteiros do relógio
Abraço amigo
E o mundo desarvorado
ResponderEliminarComo uma nau à deriva...
Há uma força incisiva
Que o leve a outro lado?
Sem rumo e sem algum dado
A dar-lhe um Norte, precisa
De força nova e mais viva
Que a torne ao rumo traçado.
Mas creio, amigo poeta
Que a nau está de completa
Carga na busca de um porto.
E para atingir uma meta
Não há direção ou seta...
E o comandante jaz morto.
Grande abraço. Laerte.
Meu caro poeta,
ResponderEliminarEis-me aqui em passos incertos, mas de volta, mergulhando nesta prece para sentir o afago dessas mãos e nutrir esperança. E o que herdamos deste mundo caótico: esperança. Poema para acordar menino...
Aproveito para agradecer os teus passeios carregados de lucidez pela minha casa.
Forte abraço, meu caro poeta!
Li e reli o seu poema amigo Agostinho e, senti-o!
ResponderEliminarMesmo não acreditando há sempre algo que podemos fazer para modificar o mundo.
A poesia continua a ser uma arma!
Boas Festas com alegria e saúde na companhia de quem ama.
Um beijinho
Fê
Meu amigo, mesmo não acreditando há que ter um pouco de esperança no futuro. Adorei o poema. Beijos com carinho
ResponderEliminarMesmo não acreditando, o fluir continua e assim, a transformação é inevitável.
ResponderEliminarBonito poema, com um final afetuoso, de mãos sensibilizadas.
Agostinho, deixo aqui, então, o meu abraço e o desejo de festas felizes para toda a família e pessoas queridas, com serenidade e saúde.
Gostei muito do seu poema, Agostinho.
ResponderEliminarEle fala da sua posição agnóstica, ou mais precisamente
da dificuldade que tem em entrar em espírito natalício
com uma humanidade tão gananciosa, agressiva e beligerante...
Porém, termina com uma estrofe de esperança, de muita esperança.
Essa prece fez-me lembrar o «efeito borboleta».
Dias serenos e muito agradáveis em amoroso convívio familiar.
~~~ Abraço, estimado amigo ~~~
Que bem me fez ler este poema! numa altura em que tento voltar a este convívio amistoso e saudável. Beijinhos
ResponderEliminar"Mesmo não acreditando", acredita, Agostinho. Provou-o no poema que é um afago em palavras, apesar do relógio da vida não se importar com o (nosso) destino.
ResponderEliminarLeio, por aqui, alguma similitude com o meu pensamento existencial.
Gostei imenso.
Bjo
Gostei muito.
ResponderEliminarBeijinhos,
Sofia
Bom dia Agostinho.
ResponderEliminarUm belíssimo poema. Um feliz Natal para você é toda familia. Abraços.
acredite que é Natal
ResponderEliminarum abraço, Agostinho
Passo apenas para lhe agradecer os belos posts que partilha connosco e desejar Boas Festas.
ResponderEliminarAs luzes cada vez mais brilham nas ruas...
ResponderEliminarQue este Natal a maior luz brilhe dentro de cada coração.
Desejo-te um Natal cheio Paz e Alegria , Saúde e Amor
Bjs
Meu amigo, passei para lhe desejar um Natal muito Feliz com muita saúde, paz e muito amor, junto de quem mais ama. Beijos muito carinho
ResponderEliminarum forte abraço ao poeta e à vida...
ResponderEliminar(e aos momentos de cada dia)
Mesmo não acreditando, que a esperança nunca nos abandone!
ResponderEliminarMeu caro amigo, desejo um Natal de paz e um 2017 com saúde e tudo quanto deseja.
Abraço carinhoso
Que o espírito natalino traga aos nossos corações a fé
ResponderEliminarinabalável dos que acreditam em um novo tempo de paz , amor ,
solidariedade e acima de tudo fé que renova nossas esperanças
num mundo mais humano sem dor e sem guerra.
Meu agradecimento pela sua amizade
sua sincera amizade.
Feliz e abençoado Natal.
A você e todos da sua família e amigos.
Um abraço forte meu eterno carinho.
Voltarei a postar e visitar antes da virada
para um novo ano.
Evanir..
Caro Agostinho e família, desejo que suas festas sejam felizes, com serenidade, alegria e saúde.
ResponderEliminarAgradeço pelos instantes incríveis, poéticos aqui partilhados, bem como, pela amizade.
Beijinhos e forte abraço.
Parece que o erro... que já vem antes do tempo de Descarte... é crónico... e a humanidade vive persistindo sempre nos mesmos erros...
ResponderEliminarParece que não se aprendeu nada com o ocorrido entre 1914-1918, e entre 1939-1945...
E o mundo parece caminhar a passos largos para outro desentendimento global... os homens continuam escuros e esculpindo tudo à sua volta com morte e agonia... de tal modo... que cenários de guerra... já são tão habituais e frequentes nos nossos meios de comunicação... e como ninguém intervém para terminarem... certamente terão ganho o estatuto de paisagem...
O mundo continua mesmo desarvorado... e a esterilidade das ideias... permanece...
Adorei o seu poema, Agostinho, que não poderia combinar melhor com as palavras de Sophia... num complemento perfeito...
Grata pela sua amável presença, lá no meu canto, e palavras!... Ontem estive aqui, mas depois o tempo fugiu... e mais tarde não tive ocasião de voltar...
Pois é... a minha mãe, ainda mal recuperando de um problema... infecção causada por medicamentos para o coração... teve logo outro em seguida... talvz por ter estado mais parada em consequência do primeiro... mais recentemente quando se começou a movimentar mais... arranjou um problema num joelho... que agora lhe compromete a mobilidade... veremos agora em Janeiro se fisioterapia poderá recuperar mais um pouco a mobilidade... entretanto ainda tem mais uns exames para fazer... após este período das festas... e após este pico de gripe, que anda espalhado um pouco por todo o lado... que lhe quero evitar... para não adicionar mais problemas...
Deixando um beijinho, votos de continuação de uma boa recuperação, e desejando que esta quadra seja passada aí desse lado, com muita saúde, afectos e alegria, na companhia dos seus...
Tudo de bom! Festas felizes!
Ana
Voltou. E trouxe o Menino ao meu presépio. Bem-haja pelo carinho, meu Amigo!
ResponderEliminarUm beijo.
✧ه° ·.
ResponderEliminarQue o menino Jesus faça morada no seu coração
em todos os dias de sua vida!
FELIZ NATAL!!!
Caro Agostinho,
ResponderEliminarDeixo meu carinho com votos de que tu tenhas
tido um natal feliz junto com a tua família
na paz e harmonia!
Grata pelo teus votos e carinho no meu espaço.
Voltarei depois com tempo para ler e comentar o seu novo
post, sempre aprecio a tua grande poética.
Um beijo e abraço de paz!
Olá Agostinho, continuação de Boas Boas Festas ! :)
ResponderEliminarGostei do poema ! ... Tanto se fala em beijos e abraços e quantas vezes um "simples" afago de mãos é muito mais sentido e pode mudar um destino !?...
Abraço