domingo, 25 de dezembro de 2016

Inquietações


Luís Ferreira Alves, Fotografias em obras de Eduardo Souto de Moura  





O roçagar duma pena aguou-me
o sonho do anjo branco que tive
desfez-se o encanto num instante 
a fugaz ilusão de haver paz


Sem manjedoura vaca  burrinho
a estrela já não desce em Belém
e o menino morre da barbárie 
sob pó e caliça de betão


A indiferença do homem foi capaz!
Como  sustentar então o sonho
se o desvario matou o menino?


                                      hajota


26 comentários:

  1. Ai, Agostinho, já é a segunda vez que escrevo um comentário e ele me foge. E eu que estive tentada a copiar, para se acaso isso se repetisse, seria só colar.
    Deixe ver se me lembro do que escrevi...

    Creio que disse do quanto apreciei que em duas quadras e um terceto, o Agostinho tenha escrito um retrato tão fiel do Mundo.
    Essa sua Inquietação, lembrou-me a que José Mário Branco escreveu e cantou:

    "Há sempre qualquer coisa que está para acontecer
    Qualquer coisa que eu devia perceber
    Porquê, não sei
    Porquê, não sei
    Porquê, não sei ainda

    Cá dentro inquietação, inquietação
    É só inquietação, inquietação
    Porquê, não sei
    Mas sei
    É que não sei ainda"

    E eu só sei que gosto muito do que o Agostinho escreve.

    Deixo um abraço sereno, afectuoso e amigo.

    Continuação de Boas Festas.

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  2. Palavras a sangrar na boca do Poeta. Talvez só um milagre nos salve de uma solidão definitiva e faça regressar os sonhos e o anjo branco e o Menino. Talvez as palavras reinventadas sejam a esperança contra a indiferença.
    O seu poema, meu Amigo Agostinho, é inquieto e inquietante.
    Um beijo.

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  3. e mesmo em completa inquietação...
    há um sonho que perdura além dos séculos.

    muito bom, meu caro Poeta

    abraço com beijo dentro ...

    :)

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  4. Neste momento, são muitos os voluntários que tentam salvar mais de 40 000
    refugiados sitiados: médicos sem fronteiras, paramédicos e militares, todos
    de coletes e capacete azuis e uma frota de autocarros, como jamais se viu.
    Foram atacados e ameaçados, mas não se detiveram, porém, os ataques continuam

    O seu poema é lindo e louvável a sua preocupação e desalento, porém, os sonhos
    de amor, bondade e altruísmo humanos ninguém consegue destruir...
    Que seria da humanidade sem sonhos?!

    Grande abraço, Poeta amigo.
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  5. O Mundo está inquieto, indiferente, egoísta... Às vezes, tudo parece ser uma ilusão...
    Obrigada pela visita. Espero que tenha tido um Feliz Natal...
    Beijos e abraços
    Marta

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  6. assim como todos os grandes incêndios começam por uma pequena chama, as guerras começam pela loucura dos homens.
    somos o nosso pior inimigo.
    e se juntar-mos o ódio e as religiões à conquista do território e à subjugação dos povos, na exploração das riquezas, temos o catalisador da destruição.
    mas o anjo branco da paz, no sonho do poema, há-de fazer o caminho...
    gostei muito deste belo poema contra a indiferença.
    um forte abraço, amigo, e um novo ano, de um mundo novo, com saúde, harmonia e paz.

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  7. Só um Coelho rumina a palha dos presépios

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  8. E vem aí dentro de dias 2017; oxalá que seja menos mau do que este 2016 felizmente prestes a acabar. E junto o desejo de que o novo traga muita saúde, paz, amor e solidariedade.

    Henrique, o Leãozão

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  9. É, de fato, inquietante o seu poema, meu caro Agostinho. Se não nos possível reinventar as palavras como sugere Graça Pires. Reinventemos o fraque e a cartola para uma mágica milagrosa.
    Meu caro poeta, uma abraço forte e votos de 2017 menos angustiante.

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  10. Tão atual! Tão bem desenhado. A realidade é que é medonha...

    Melhor ano!

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  11. Como gostei deste poema..., julgo que calcula, Agostinho.
    Beijinho e Feliz Ano Novo!

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  12. O menino, o eterno menino, mora dentro de nós, Agostinho. Assim lhe saibamos dar voz.
    (Como compreendo esse olhar, quando os homens parecem apenas dar sinais do pior que em si mora...!

    Forte abraço

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  13. belo e perturbante poema, caro Amigo.
    cabe aos poetas domar o coração dos homens
    ... tantas vezes betão!

    calorosos votos de Bom Ano

    forte abraço

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  14. Difícil sustentar o sonho quando o menino foi morto pelo desvario.
    Pior ainda quando o desvario se mantém e não se lhe vê o fim…
    Poema que inquieta porque revelador da triste realidade.

    E agora que o Natal passou... desejo que tenhas uma excelente passagem de ano, e um 2017 pleno de felicidade.

    Continuação de boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  15. Olá Agostinho.
    Parabéns pelo poema. Um belo poema.
    Desejo ao amigo um ótimo ano de 2017.
    Grande abraço.
    Pedro.

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  16. o menino, muitos meninos

    mas há sempre uma pena e um outro Menino, se o deixarmos falar


    um abraço, Agostinho

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  17. Mais um grito, em forma de poema!
    Não haver um programa informático, um vírus, que faça desaparecer as fábricas de armamento militar!
    Não resolvia, mas lá que ajudava...

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  18. Agostinho, alma e coração de gente grande, desejo que 2017 seja um ano de deslumbrantes arquitecturas!

    Forte abraço

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  19. A poesia é uma arma, cabe aos poetas, como o meu amigo, alertar consciências e provocar as mentes que nos inquietam.

    Até 2017!

    Um beijinho

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  20. Triste mas bonito!
    Jesus nasceu para morrer e salvar os pecados do mundo e dos homens, mas...só o homem tem nas mãos o poder da salvação que teima em não dar a si próprio!
    Muito pertinente este seu desabafo!
    Beijinhos

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  21. Belíssimo e inquietante poema.
    O Mundo está assim, ainda belo e inquietante num jogo perigoso de forças e ideais, uma morte aos sonhos de paz num acumular de tensão e guerra assumida. Saibamos aproveitar a "nossa paz" e que o mistério do nascimento se renove sempre.

    Abç

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  22. São as inquietações doridas sobre os gestos desumanos deste mundo de tão difícil
    reflexos de um espelho, que poderia iluminar a irmandade desta grande raça humana e
    os poetas não se calam e ainda bem...
    Grata pela tua partilha de amizade que acrescenta neste espelho quase utópico de
    vibrar a irmandade pacífica e generosa. Sempre generosas as tuas palavras no percurso
    poético e humano no meu espaço. Aqui no teu espaço encontro sempre arte singular,
    profundidade de conteúdos e a bela humanidade generosa que te habita, caro Agostinho.
    Votos de 2017 luminoso, pacífico e repleto de realizações para ti e família!

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  23. Um poema muito verdadeiro.

    Venho desejar-lhe um bom 2017. Que seja um bom ano e traga principalmente saúde! O resto vem por acréscimo!
    Um beijo:)

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  24. O menino ainda vive! eu quero crer!
    Estou com saudades de ti Agostinho,
    _ ando curtindo a novidade do inverno europeu absurdamente frio !!
    Breve retomarei os contatos com carinho ok?
    beijinhos e um Ano Bom junto da família-é o que venho desejar-te.

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  25. Mas o sonho perdura em todos nós... apesar de tudo... e talvez o Deus menino assim viva em cada um...
    Porque não?
    Iria jurar que já teria comentado esta publicação... mas nas pressas dos últimos dias de Dezembro... se calhar não gravei o comentário...
    Beijinho! Que seja um ano, que apesar de tudo... não nos impeça de sonhar... e de agir... para os sonhos concretizar...
    Ana

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  26. Olá Agostinho, boa tarde!
    Nos dias atuais, meu caro Agostinho, só os sonhos para não sermos definitivamente pessimistas. E já que, os tempos mostram que tudo é cíclico, que o menino permaneça vibrante dentro de nós, para que possa ser despertado.

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