sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Sunset


Quando vinham as nuvens de setembro, já
os pássaros tinham emigrado para além dos mares
o  campo ficava em longos silêncios

Nuno Júdice, O Mito de Europa,              
início de "Nostalgia de Setembro"             
          
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vladimir kush, 
fonte: http://marteeparaosfracos.blogspot.pt/



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Na impossibilidade de suspenderes
o movimento da máquina universal,
os ponteiros no mágico momento parares,
quando os oceânicos seres nas entranhas dos corais
se multiplicam em reflexos de cristais,
quando as aves afinam o cobalto pintalgado
de algodão em fiapos e, no voo picado
do fim da tarde, as asas se afeiçoam
em abraço ao peito, em apneia delirante,  
e os homens cruzam o incerto e o distante
e se sublimam nas magníficas pérolas
da transmissão do divino original  
e da explosão cósmica, no clímax,
nasce uma estrela nova no céu,
vieste com a festa, a esperança do eterno
esplendor do sunset perfeito.


                                               hajota

22 comentários:

  1. "Vieste com a festa, a esperança do eterno".
    Excelente celebração da Vida e da Natureza!
    Versos atravessados por "asas que se afeiçoam em abraço perfeito" e por uma "estrela nova no céu", construindo uma escrita deslumbrada, emocionada. Um acto de fé arrancado do silêncio, como diria Maria Zambrano...
    Magnífico, meu Amigo Agostinho!
    Um beijo.

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  2. Caro Agostinho,

    O ritual poético da vida na explosão cósmica da luz solar,
    que se inscreve neste milagre de renovação dos dias, a
    nos fascinar aos olhos mais profundos, o da alma...
    E a beleza da tua expressão poética nesta arte tão
    profunda, humana e completa.

    Voando nos espaços dos amigos para deixar um feliz
    final de semana!
    Bjs.

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  3. Maravilhosa esta celebração da vida... vida que só deixamos acontecer... quando não se vive a pensar no seu fim...
    Impossível... será eu não ficar com estas suas inspiradoras palavras debaixo de olho, Agostinho, para qualquer dia saírem à baila, lá no meu canto... com o respectivo link para aqui...
    Beijinho! Bom fim de semana!
    Ana

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  4. Quando o sunset é perfeito e nos sentimos perfeitos...voltamos a renascer....
    Obrigada.
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. Nada é perfeito
    com excepção das utopias
    que se alimentam de sonhos e sonos
    por vidas sem muros nem amos
    Abraço meu caro amigo virtual

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  6. hajota

    assim deve ser, quando olharmos o sunset e demos graças pela vida.

    e amanhá haverá sempre um novo renascer.

    bem voltado!

    beijinho amigo

    :)

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  7. Pelo que tenho visto e lido em Portugal o pôr-do-sol tem sido tudo menos belo.
    Que horror!
    Aquele abraço, boa semana

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  8. Um sunset em apneia,quase sem fôlego!
    A poesia também nos tira a respiração de tanta festa de palavras.

    Um abraço para si, Agostinho.
    Boa semana.

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  9. Acabei de assistir, lendo e “voando” nas tuas palavras, à exaltação da Vida e a um hino à Natureza.
    A cada sunset uma nova estrela aparece no céu, e por um breve, muito breve, momento, máquina universal
    suspende o seu movimento…
    Excelente, meu caro Agostinho.

    Votos de uma boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  10. Bonito Agostinho, a máquina da vida é fenomenal :)
    Um abraço

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  11. Revendo este magnifico post, e deixando um beijinho, acompanhado dos meus votos de continuação de uma excelente semana...
    Ana

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  12. Depois de por aqui passar, vezes sem conta, continuo
    sem palavras para comentar este pôr-do-sol esplendoroso,
    deixo, no entanto, um beijinho e a minha admiração, amigo Agostinho!...

    Janita

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  13. Sem palavras para comentar este pôr-do-sol esplendoroso,
    deixo um beijinho e a minha admiração, amigo Agostinho!...

    Janita

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  14. Caro Agostinho,

    poema que se entranha lentamente
    e em cada leitura se acrescenta uma nova perspectiva
    assim a verdadeira poesia - esquiva no(s) sentido(s) e pródiga em beleza

    isto para te dizer que vão rareando poema deste nível

    caloroso abraço

    anuncio-te que reabri os comentários - espero continuar a merecer a tua prsença amiga

    grato

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  15. Caro Agostinho,

    poema que se entranha lentamente
    e em cada leitura se acrescenta uma nova perspectiva
    assim a verdadeira poesia - esquiva no(s) sentido(s) e pródiga em beleza

    isto para te dizer que vão rareando poema deste nível

    caloroso abraço

    anuncio-te que reabri os comentários - espero continuar a merecer a tua prsença amiga

    grato

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  16. Há sempre tanto a acontecer, por esse universo fora, e, por aqui, os homens de poder a circunscreverem-se ao seu pequeno quintal, sempre com sentido de posse, a tentar pôr cuspo no nariz do outro para ver quem é o mais forte...!

    Grande abraço, Agostinho

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  17. Para ler, reler e, no entretanto, deixar-se levar, num voo planado e vagaroso, de olhos bem arregalados...
    Poema inspirado!

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  18. É sempre lindo o sunset, aqui, ou na natureza:)

    Um beijo:)

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  19. A vida é um hino que se quer acarinhado enquanto dura...
    Espero que esteja melhor e obrigado pela sua preocupação pela minha ausência (devida a trabalho).
    beijinho amigo

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  20. Perfeita foi a forma como, em palavras, colocaste o supremo desejo de sermos simultaneamente, humanos e cósmicos, assim como não podias escolher outra obra que não esta!
    Admirável este poema no teu "mundo"...
    Bjo, Agostinho

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