Pelos dias quadrados corre a brisa
Que nos seus corredores nunca se engana
Sophia de Mello Breyner Andresen,
Livro Sexto, Pátios
Amadeo Souza-Cardoso |
oooOOOooo
Eu sou Rio que corre ao
contrário
sou nascente sou poente sou
morte
corro de onde vim para nascer
de mim
tudo começa no início
e corre até ao fim
que é morrer
O homem tem um princípio
e há-de ser o que quiser
querer é poder diz o povo
simplesmente
O gomo brota acrescenta-se
de ver e ouvir risos e prantos
com tantos
a abrir espaço e mente
Faz-se físico e espírito alameda aplanada
donde surgem ruas rasgadas
e travessas imbuídas da mesma
lei
perpétua em génio e semelhança
“Aorta” rio vermelho ao
contrário
escorrendo da foz prá nascente
afluentes crescem prá frente
como a gente que veio de trás
no mesmo vermelho na mesma
paixão
no sangue que multiplica a
imortalidade
das estrelas que hão-de vir
para serem gomos homens-rio
hajota
Não conhecia este tandem do Amadeo e da poesia maravilhosa da Sophia já não me recordava.
ResponderEliminarMuito obrigado por tudo e um abraço amigo.
Meu caro Agostinhamigo II
ResponderEliminarChegámos do cruzeiro que correu lindamente - deu para descansar e para ler ("mamei" quatro livros em nove dias o que me parece que não foi má média...), cujo único senão - para nós, ou seja para a Raquel e eu - era o catering = uma merda! Para os restantes passageiros (3.897) creio que não, mas também não fiz inquérito... muito menos sondagem.
Uma outra desvantagem: a bordo tínhamos RTPI e por isso pude er e ouvir essa bosta que dá pelo nome de Jair Messias Bolsonaro. Os Brasucas estão fod..., oops, tramados. Vão elegê-lo e depois é que vão ver com quantos paus se faz uma canoa (a expressão é deles...) E por aqui me fico em termos de relatório.
Quanto ao poema. Mataste-me com uma facadela em pleno meio do peito, aliás como sempre. Eu sou Rio que corre ao contrário.... Com uma tão linda estrofe mal parecera se o poema na decorrera sem acordo com ela. E, naturalmente, isso acontece. Porque o rio vermelho ao contrário escorrendo da foz para a nascente é mais do que a "aorta" é o pulsar do Poeta, é o teu pulsar. Magnífico.
Um abração deste teu amigo e admirador farto de arsenal
Henrique, o Leãozão��
NB- Quando vi Rio começado com caixa alta apanhei um cagaço: será que o malandro também começou a malhar no gajo do PPD/PSD???����♂️ Afinal não...��
Há sempre um princípio e um fim... É o que fez no entretanto que importa...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Excelente metáfora da Vida, do Tempo. Muito bom - como de costume, aliás. (embora o tom me tenha parecido um pouco desmaiado...)
ResponderEliminarBeijinho, Poeta!
... entretanto Bolsonaro não engana
ResponderEliminarfaz o discurso dos coveiros
Perdoa no comentar o teu belo poema
Abraço
Um poema que me agradou bastante!!
ResponderEliminarAté o perfume das rosas nos enterneciam... (POETIZANDO) .
Beijos - Boa Noite, Bom fim de semana!
"É pela ferida que entra a Luz", disse Rumi, poeta árabe do séc. XIII. Essa Luz que se faz rio, correndo da foz até à nascente a iluminar o Poeta rumo a um silêncio soletrado "no sangue que multiplica a imortalidade das estrelas". Porque, sem defesas, o coração coloca-se à escuta da vida...
ResponderEliminarExcelente, meu Amigo Agostinho! Um beijo.
Um poema tão bonito e a mim dá-me para o disparate.
ResponderEliminarPorque rio a correr ao contrário só pode mesmo ser o Rui Rio :)))
Aquele abraço, boa semana
Fiquei perplexo... de encantado que fiquei.
ResponderEliminarMeu Deus, Agostinho, ainda bem que gostas de te interrogar, é a única forma de todos ficarmos a ganhar.
Grande abraço
Boa tarde amigo, o homem se não se sujeitar à submissão é aquilo que quiser, gostei do poema.
ResponderEliminarContinuação de boa semana,
AG
O meu comentário não ficou?
ResponderEliminarTem um próverbio que diz: Que um rio nunca passa no mesmo lugar.
ResponderEliminarApenas me lembrei lendo sei quase enigma poema k.
Acho que o ser humano tem o poder de ser o que quiser.
Boa entrada de mês.
E assim, poetando inspiradamente, vais partilhando com os teus leitores/admiradores reflexões profundas (e geralmente melancólicas) sobre a vida e o mundo... O importante, mesmo, é que o rio encontre o seu caminho...
ResponderEliminaruma lucidez de cristal, meu caro Agostinho
ResponderEliminarse não o soubéssemos, bastaria a primeira estrofe para te definir como um poeta de eleição
deixo as restantes estrofes para "ruminar" em próximas visitas
(tua poesia é para degustar. como vinho raro)
forte abraço, amigo
Um poema de corpo inteiro
ResponderEliminarrio sem margens
Abraço sempre
Gostei imenso deste rio que não se desvirtua, nem mesmo ao longo do seu percurso... mantendo a sua verdadeira natureza... corre ao contrário... porque nasce com um fim... que é o de chegar ao seu destino, com uma enchente de princípios...
ResponderEliminarQuem dera que mais rios corressem ao contrário... a maioria, corre a eito... morrendo em si mesmos... vão por onde outros foram... evitando os obstáculos... e preferindo não escolher o seu próprio caminho...
Finalmente passando por aqui, após o meu regresso... e por ser um bocadito fora de horas, hoje... amanhã, estarei de novo por aqui, para ver o que mais se me escapou, enquanto andei mais ausente...
Deixo um beijinho, estimando que o Agostinho e todos os seus, se encontrem de saúde...
Até amanhã!
Ana
Não será o homem limitado pela sua mortalidade?
ResponderEliminarRio, caminho que anda e correndo à frente! E o teu rio de repente desagua dentro de ti! Que bela imagem por si que tudo diz e condiz com aquela filosofia pregando que tudo está dentro de nós por termos uma centelha divina em nosso céu interior, que é luz, é paz e é amor! Parabéns, mestre Agostinho! Lindo poema qual vinho tragado em nosso caminho! Grande abraço! Laerte.
ResponderEliminarUm poema fantástico.
ResponderEliminarLi e reli.
Parabéns pela excelência poética do poema.
Caro Agostinho, continuação de boa semana.
Abraço.
Oh meu prezado Agostinho,
ResponderEliminarTu és luz no meu caminho!
És feito um senhor e guia
A minh'alma, se vazia!
Tua prosa é a poesia
Que a minha alma alumia
Para eu não seguir sozinho
Tragando em goles meu vinho!
A ti eu ergo uma taça!
Brindo! Minha alma se enlaça
À tua, meu bom amigo!
Minha gratidão! Que passa
Pelo amor, Deus e a graça
De poder contar contigo!
Obrigado pela manifestação inteligente, pedagógica, afetiva, generosa e substanciosa no meu modesto espaço, Agostinho! Deus seja louvado! Minha gratidão! Saúde! Muita paz e amor! Abraço fraterno! Laerte.
Acho que quis dizer: o seu poema quase enigma. no meu comentário
ResponderEliminaracima. k
Eu li e não entendi o meu próprio comentário pode isso? kkkk
Mas te desejo PAZ E BEM isso podes levar para ti.
E um bom final de semana.
Oi Agostinho
ResponderEliminarMe faz lembrar o grande Paulinho da Viola com uma letra bonita _"Foi um rio que passou na minha vida
e meu coração se deixou levar' rs
Ah quantos são os rios que desaguam em nós e nos arremessa sem que nosso coração seja consultado.
Sempre maravilhosas suas metáforas, sua carismática escrita !
deixo um forte abraço. Em ti e para Ti.
Obrigada pela presença,que me honra sempre que vem.
Aproveitando ter passado por aqui, deixo um beijinho e votos de uma excelente semana!...
ResponderEliminarAna
bonito, este coração de um rio
ResponderEliminarum abraço, Agostinho
Adorei o poema e o blogue
ResponderEliminarParabéns
Voltarei
Abraço
nada é. tudo está. existir é transmutar.
ResponderEliminarbelo poema. abraço!