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Não me exijam
que diga
o que não digo
M.ª Teresa Horta, Estranhezas,
início de Questões de Princípio
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busca pólos
busco
ainda o tom
contacto pólo
tacteio
apresso a luz
curto circuito
hajota
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Akvarell 1982, Navle Skodar i halvlit |
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Aqui neste ancoradouro sentado
lugar de ver sem muro
tudo o que está e o que não está:
passado presente e futuro
Cadeiras mesas copos chávenas
e o éter de etílicos cheiros saturado
e perfume suado do convívio íntimo
animal o velho e o lavado
e nuvens de fumo espiralado
das chaminés da cavernosa alveolar
adensando tenebroso o cinza do céu
à espera da redenção duma corrente de ar
E vejo fantasmas pessoas
sem que o saibam já ausentes
e a ficção dos maduros pausada
de sorrisos contidos à mesa rentes
e os conformados de etiqueta comum
e os cínicos na contrafacção do riso
de brilho sacana pregando ladaínhas
de descaramento escarninho
e jogadores de moedinha jocosos
ao pôr do sol de ambições incríveis
a afogarem-se verdes os invejosos
em queda nos abismos do desespero
Vejo enfim as puras da alegria
descuidada ainda ingénuas figuras
do devir que sobem à tona sem suspeita
de irem repetir guiões iguais amanhã
hajota
Vê o Mundo nas suas glórias, nas suas traições, nas tristezas e nas alegrias...
ResponderEliminarA vida num momento...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
Boa tarde!
ResponderEliminarGostei da postagem Obrigada!;)
Beijo. Bom fim de semana!
Simplesmente desconcertante.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Um ancoradouro pode debruçar-nos para o tempo que vai fazendo e refazendo o enredo dos dias. Dele podemos olhar a vida e encontrar o nosso espanto com o que vemos ou imaginamos ver. Mesmo sabendo que aquilo que é eterno só se vê de muito, muito longe.
ResponderEliminarUma boa semana, meu Amigo Agostinho.
Um beijo.
Um olhar talvez pessimista, mas lúcido. Se é que os adjectivos são compatíveis...
ResponderEliminarMas, ai de nós se não encontrarmos outros olhares... Às vezes basta soprar um pouco a nuvem...
Menos mal que estás no ancoradouro, Poeta!
Esses momentos valem ouro, sem barreiras podemos refletir a vida como realmente é, sem máscaras, sem maquiagem. Mas assim seguirá a humanidade, aos tropeços, aos espantos ou esperando o momento de acertar os passos, quem sabe!?
ResponderEliminarDo passado cabe tirarmos as lições, do presente, o aprendizado, do futuro... a maturidade e recompensa.
Gostei muito, Agostinho.
Uma ótima semana pra você.
Beijo.
não precisas trepar altas falésias,
ResponderEliminarbasta-te um ancoradouro, ou outro qualquer "lugar de ver",
para, pelo teu olhar arguto, desfilarem, num relance, todos os tiques e mazelas
desta "Comédia Humana"...
felicito-te, meu caro Agostinho
pelo teu talento e pela tua lucidez.
grande abraço
Querido amigo Agostinho
ResponderEliminarBrilhante!
Mas… um soco no estômago, esta análise tão lúcida, fria, sem “retoques” ou Photoshop.
Porque poder ver sem muro é posição privilegiada. O que daí se vê… pode ser deplorável, intrigante ou mesmo frustrante.
“pessoas sem que o saibam já ausentes” – triste!
“ingénuas figuras do devir… repetir guiões iguais amanhã” – realidade chocante!
A humanidade em todo o seu esplendor!!!
Classificação: Ainda melhor do que o habitual.
Deixo a minha admiração ao Poeta.
Desejo bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Excelente poema de tanta lucidez!
ResponderEliminarBeijinho, bom resto de semana
Ver sem muro pela frente é ver muito mais ao longe...
ResponderEliminarExcelente poema, os meus aplausos caro Poeta.
Agostinho, um bom fim de semana.
Abraço.
OI AGOSTINHO!
ResponderEliminarUM OLHAR SERENO E CRÍTICO SOBRE UMA HUMANIDADE REPLETA DE FIGURAS QUE JÁ SÃO FANTASMAS E NEM O SABEM.
ESPETACULAR, AMIGO.
ABRÇS
https://zilanicelia.blogspot.com/
Olhando o mundo... que se reflecte dentro de nós... ora denso, ora tenebroso... ora fascinante... com tudo o que o que pode oferecer-nos de maravilhoso... melhor saboreá-lo com calma... sentado a uma mesa... com uma boa panorâmica... e com a nossa melhor das companhias por perto... a nossa consciência...
ResponderEliminarUm verdadeiro tratado de lucidez, este poema, Agostinho!... Parabéns!...
Beijinho! Desejando-lhe uma feliz semana!...
Ana
Janita deixou um novo comentário na sua mensagem "Espaços e ficções":
ResponderEliminarGostei muito desta forma de observar o mundo, por dentro e por fora de muros.
Os puros de coração e dos impuros e ainda vejo laivos de narcisismo.
Naqueles que, mesmo dentro de um curto espaço, se dobram todos para olhar o próprio umbigo.
Há tanto disso, tanto!
Beijinhos, Grande Poeta Agostinho!
Gosto muito dessa forma de ver e definir o mundo viver. É tipo refletir interior para depois sair ultrapassando fronteiras. AbraçO
ResponderEliminarO mundo que habitamos com os antagonismos e protagonismos em constante rodopio com a febre que os move.
ResponderEliminarQue brilhante poema, Agostinho!
Beijinho
Vejo-te na faixa do cais
ResponderEliminarOlhando o vazio do porto,
Serenamente absorto
Nos teus sonhos virginais.
Pena que somos mortais...
Porém ninguém está morto.
Busquemos vida e conforto
Nem de menos, nem de mais!
E assim vendo o cais sem muro,
Singremos para o futuro
Nas asas da poesia
Com um vento em quadrante puro!
Augustinho, estou seguro
Que a alma não se esvazia...
Bravo! Magnífico o teu poema, amigo! Luz! Muita luz e saúde! Grande abraço. Laerte.
O mundo com seu quotidiano
ResponderEliminartodo do avesso
um mundo em que vivemos...
muito reflexivo...
beijinhos
:)
Gostei da sua ótima ironia nesta crítica de costumes,
ResponderEliminarnestas cidades onde a maioria só olha o umbigo.
Qualquer fase má que tenha passado não afetou o estro.
Os meus parabéns.
Venha passear no meu Vivenciar, tenho poesia e amor.
O meu terno abraço.
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Fenomenais poesias, abraços.
ResponderEliminarhttps://ives-minhasideias.blogspot.com/
Aproveitando que passei por aqui... e depois de reler este notável momento poético, deixo um beijinho, bem como os meus votos de um feliz domingo, e uma excelente semana!
ResponderEliminarAna
Suas palavras me fizeram lembrar dos meus passeios
ResponderEliminarno fim da tarde na Costa da Caparica, depois de um
dia vencido em Amora.
Sentir o mar... Ouvir as ondas...
Decifrar o que foi,que está, as cores
que desfilam num movimento alheio ao tempo.
Sim, sua poesia me fez recordar com saudades
um certo tempo poético da minha vida.
Você tem o dom nato da poesia em suas veias.
Agradeço por ter lido.
Aproveitei para reler porque... VALE A PENA!
ResponderEliminarRE: Diz um velho ditado popular que "os últimos serão os primeiros". Quanto à louça lavada e etc. não me parece, ainda vejo por lá uns restitos bem apetitosos 😉
Estou muito grata pela presença na festa de Aniversário do meu “pimpolho”. Ele gostou muito de te ver lá… 😘
Obrigada!
Bom final de Domingo e boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Pontuação legítima nessa bela publicação.
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