segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Em tempo de plenitude


(regressei da rarefação do éter > oh dois da tal vez > deixei escafandro > sobretudo lanígeo de preguiça) > hajota

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(trecho de)
Marco                              
Estava  sempre  ali, à  espera, quilómetro  52,
entre  um cruzamento e uma rotunda, no único
quilómetro com uma árvore para dar sombra, e
um marco onde se podia sentar,cruzar as pernas
mostrando  as coxas, e  olhar  fixamente  cada
carro que passava." ...

Nuno Júdice, O Coro da Desordem

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foto minha




em tempo de plenitude
arco tangendo cordas tensas
do esterno à vertebral coluna.

outonos maiores no tom,
frutos primícios, morangos
nos outeiros, mãos cheias, e
maresias perfumadas d’algas e sal
no labiríntico tufo perlado. perdido

que disse o silêncio de dentes,
que esgares de chispas se soltaram
em tempo de plenitude?


hajota

22 comentários:

  1. Respira-se... Pura e simplesmente...
    Lindo..
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Fantástico post. Lindos versos!:)
    -
    --> O meu paraíso nublado ...
    Beijo e uma excelente semana.

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  3. Um tempo de plenitude, o outono, onde tudo ganha tons de mel, e há fruta madura e "maresias perfumadas d’algas e sal" e o mosto circula no sangue dos que acreditam na vida. O silêncio e os esgares não podem sobrepor-se à fragilidade das palavras. Sabemos isso…
    Tinha saudades de o ler.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  4. Em todos os apeadeiros há folhas estateladas
    no cais barcos que se não vergam
    Outonos com pássaros que cantam

    Abraço

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  5. Bonita fotografia
    E um poema excelente!
    Parabéns! Estou contente
    De sentir o que eu sentia

    Diante da poesia
    Como se o arco tangente
    Vibrasse cordas da gente
    Que em nossa alma dormia.

    Parabéns, mestre Agostinho!
    Mais uma taça de vinho
    Eu ergo num brinde a ti!

    Teu poema é um carinho
    À alma! É luz ao caminho
    Do teu aprendiz, aqui!

    Parabéns Agostinho! Há tempo que cá não vinha e muito perdi! A colmeia nos faz pensar em um Criador - quem ensinou esses insetos que o hexágono é a mais perfeita forma de aproveitamento do espaço em construções geminadas? As seis paredes contíguas têm duplas serventias em cada volume da célula ... A engenharia moderna talvez não tivesse solução tão evidente... Grande abraço, meu amigo! Laerte.

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  6. Seja bem regressado meu amigo!
    Aquele abraço, boa semana

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  7. Uma imagem absolutamente extraordinária, esta obra de engenharia... natural!... Mas também cada vez mais em perigo, estas trabalhadoras incansáveis... desde as alterações climáticas, às culturas intensivas, que lhes mudam o habitat... agora à existência da vespa asiática... provavelmente criada ou modificada em algum laboratório... e que terá descoberto alguma janelinha aberta por onde fugir e pelo mundo se expandir, com capacidades acrescidas...
    Tempo de plenitude... onde?... Alguma vez existiu?... Ou só pode ser por cada um concebido, idealizado, sentido, entendido... para poder ser desfrutado?... Se o Homem, se sente cada vez mais acompanhado, pela sensação de insatisfação permanente, de que algo sempre lhe falta... nem que seja o seu próprio tempo...
    Talvez apenas para aqueles... que sabem que o segredo, é acompanhar o tempo... e não correr atrás dele, ou contra ele... se abra um esgar... de verdadeiro prazer... ao sabê-lo verdadeiramente apreciar... na forma de um sorriso... enquanto vai saboreando, os frutos da época...
    Muito bom tê-lo de volta, por aqui, Agostinho! Beijinho! Continuação de uma feliz e inspirada semana!
    Ana

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  8. Outono também é o mel na fartura do cofre de um favo.
    Também colheita de pores- de -sol de ouro e frutos maduros mesmo pães os esgares incontidos
    Tanto aroma de grande poesia !
    Beijinho, Agostinho

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  9. Labiríntico também o poema: abre margens para muitas interpretações (ainda mais terminando com uma pergunta). Bela imagem. Um abraço.

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  10. Com múltiplas interpretações e muito poucas respostas, mas, sem dúvida, digno de reflexão.

    Como provavelmente não nos "veremos" antes do Natal...
    Boas Festas com muito amor envolvido.

    Desejo uma semana feliz
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  11. Cá volto por gratidão
    A ti, amigo Agostinho,
    Bardo exemplar em alinho
    Com a arte e o engenho que são

    De sua verve a extensão
    Para alargar seu caminho
    E não palmilhar sozinho
    Na saga de um extenso vão

    Que sai do Vate e se amplia
    De sua alma em poesia
    Com a doce luz do encanto

    Qual um farol que alumia
    A dita e extensa via
    Do amor como terno canto!

    Amigo, és um mestre com quem aprendi muito e grato te sou! Eis que chega o fim do ano... Desejo muita saúde, paz, amor, contentamento, felicidade, um Bom Natal e Próspero Ano Novo a ti e aos teus! Grande abraço! Laerte.

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  12. Plenitudes tão perto que nem lhes podemos tocar
    Ousemos

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  13. Em tempo de plenitude... sonhar é o caminho? E o silêncio que entremeia? E gota a gota a vida que se perde?


    Um abraço e Feliz Natal

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  14. Em tempo de plenitude... tanta desordem a par de tanta ordem. Desordem de vidas à espera de vida. Ordem bem ordenada com sabedoria imensa, como a que a bela foto nos mostra.
    E gostei muito da poesia que me vibrou também tudo isso.

    Agora voltando um olhar à Plenitude dos Tempos, deixo votos de um Santo e Feliz Natal!

    Beijos.

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  15. Lê-lo é uma viagem e tanto, Agostinho. É sempre um prazer.

    Grande abraço

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  16. Desejo-lhe festas felizes e que o Bom Deus lhe dê um casaco com muitos bolsos,

    porque asas, já o Agostinho tem :)


    um abraço

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  17. um poema de grande qualidade, Caro Amigo
    como é de teu timbre.

    deixo um abraço
    com os melhores votos de Boas Festas
    para ti e aqueles que amas.

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  18. em tempo de plenitude também pode haver
    muita desorientação

    beijo
    :)

    (segundo coment)

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  19. Agostinho,
    Hoje estou vistando aqui
    e lendo textos antigos.
    Deixo
    Bjins de 5a feira,
    CatiahoAlc./Reflexod'Alma
    entre sonhos e delírios

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  20. Um poema de excelência.
    Bem acompanhado pela foto.
    Caro Agostinho, um bom fim de semana.
    Abraço.

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  21. Regressaste da rarefacção inspirado e cheio de requinte. Parabéns!
    E parabéns pelo excelente naipe de leitores/comentadores/também poetas!

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