quarta-feira, 15 de junho de 2016

A perda do paraíso

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Alberto Caeiro, O Guardador de rebanhos




Sousa Pinto, a macieira partida - http://cct.portodigital.pt/

Penso.
O mundo faz-se na criação
cega e pura, na abstracção,
de que resulta equilíbrio natural


Tenso,
depois, o Autor arma-se de intenção,
enredos, cálculos e sedução
e resvala do luminoso à escuridão.


Propenso
em conceber julgamento
iníquo, invejoso, de alma dura, vem:
- roubaste a maçã do início!

hajota

27 comentários:

  1. O homem parece carecer, sempre, de voltar à casa "partida". Até à partida final.
    Sempre pertinente, Agostinho, é um enorme prazer lê-lo.

    Abraço

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  2. Às vezes, ficamos presos na escuridão... Há sempre quem maltrate a ordem das coisas...
    Interessante...
    Obrigada pela visita.
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Penso tenso propenso
    todos os dias como uma maçã
    Uma bela viagem
    Texto e imagem
    Abraço poeta

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  4. "A maçã do início" roubada pelo poeta. Por isso ele perde todos os paraísos deste mundo e do outro...
    "Filho de Adão e Eva, era de treva o seu destino". Cito Torga. E digo que, ao querermos um mundo à nossa medida, podemos ficar sem esse "equilíbrio natural" de que fala o seu excelente poema...
    Um beijo, meu Amigo Agostinho.

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  5. Poeta
    Aterra
    O Paraíso é coisa inventada
    e a maçã é a origem de nada
    (talvez a flor...)
    O equilíbrio natural?
    Vai-se equilibrando...
    umas vezes bem, outras vezes mal

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  6. Visitei seu Blog e gostei do que li, belos escritos...voltarei

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  7. Mais um poema sublime, Agostinho.
    Um gosto ler o que escreve.
    Aquele abraço

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  8. E assim o verbo foi para as palavras como a maçã para o paraíso.
    E os poetas desenham sentimentos na ponta dos dedos.
    Sempre bonito,Agostinho
    um abraço

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  9. ~~~
    Acho o poema divertido e até me ri com gosto
    pelas qualidades que atribui ao Autor.

    Sempre perguntei-me por que criou ele duas
    pessoas anatomicamente diferentes para as
    colocar no paraíso, sem comer maçãs...

    A gravura torna o poema mais hilariante.
    A expressão da camponesa está soberba!

    Este poema está uma maravilha, Poeta e nós
    bem precisamos de rir.
    ~~~ Beijo ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~

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  10. Talvez por isso, o mundo ande tão tenso...
    Ninguém parece ter tempo de parar... nem para pensar...
    Restando ao mundo a escuridão... ainda que debaixo de sol... na sua forma de actuar...
    Perde-se o Paraíso... e ganha-se a eternidade de um Inferno... mesmo em vida...
    Pensar incomoda... sobretudo quem não pensa como nós... e gostaria de pensar... (por acaso, tenho constatado muito isso, lá no meu canto, últimamente... e dessa parte, falo com conhecimento de causa... pois tem-me tocado particularmente...) :-D
    Mas é sinal, que pensamos...
    Como sempre, escolhas brilhantes, como suporte do tema... e um belíssimo poema, que nos propicia a pensar... sem tensões... sobre o valor das nossas convicções...
    Beijinho! Bom fim de semana!
    Ana

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  11. Bravo!

    um poema "propênsico" - original!
    propenso, ligo existo!

    (confessa que andas com a maçã atravessada na garganta...
    não te engasgues, pá!)

    abraço

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  12. e se a luz e as palavras resvalam
    talvez nem tudo esteja perdido

    muito belo

    bom fim de semana.

    beijo
    :)

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  13. Penso que faz efetivamente falta a pureza de Caeiro...
    Interessante reflexão!
    beijinho

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  14. ~~~
    Voltei.
    Finíssima ironia, Poeta!
    ~~~~~~~~~~~~~~~~

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  15. Para além dos limites, nada me resta senão enaltecer o poema, pois há muito deixamos de ser o mistério.
    Bravíssimo!
    Abraços,

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  16. O seu poema pôs-me a pensar ...
    o autor ficou confuso e a camponesa também.
    Acho que o pecado original, correu mal :)

    Desculpe esta minha divagação, achei o seu poema além de brilhante, hilariante!

    Um beijinho Agostinho

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  17. Agostinhamigo

    Não posso concordar com o teu poema, porque não há rima que lhe valha. De boas intenções está o inverno, oops, inferno cheio e nem é preciso pagar bilhete por inteiro. Não é um verso depé, i.e., de pé quebrado; é um quebra-conde humanitário enroupado de plástico amarelo com corações verdes e dentro deles estrelinhas cor de burro quando foge. Finalmente e sem sombra de qualquer árvore de Natal sem enfeites, gostei, gostei muito, adorei.

    Vem adorar também na NOSSA TRAVESSA onde não pagas IVA a 74,9%...

    Abç do Leãozão

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  18. Tão único o Guardador de Rebanhos.

    O teu poema excelente com a tua marca criativa e sempre um
    todo de arte a partilhar.
    Tudo começa com o mental, já diz a Física Quântica que o
    mundo é mental, mas o mental é vibração e vibração é matéria e luz.

    Parabéns pela profundidade do teu poema que nos conduz a vários
    caminhos de leituras e tom Filosófico a ironia.

    Bj.

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  19. hajota
    vim reler e deixar meus votos de um bom final de semana.
    beijinhos
    :)

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  20. Há que se antepor o pecado à poesia... Ou foi a poesia que incitou o pecado?
    Belos versos! Uma imagem intrigante!
    Como intrigados ficamos com a riqueza dos teus pensares!
    Sorrisos e estrelas a coroar teus caminhos, meu amigo!
    E um festivo final de semana no passar das tuas horas,
    Helena

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  21. E a expressão da camponesa, com as maçãs no chão....
    Bom final de semana Agostinho.

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  22. o livre arbítrio e a maçã sabe sempre bem
    entre a luz e a penumbra


    um abraço, Agostinho

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  23. Parabéns, Agostinho, pelo poema. Uma espécie de epigrama filosófico, de fino recorte.
    Dás cada mergulho!...
    Felicito-te também por virares as costas ao AO (se calhar involuntariamente, mas, enfim...)

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  24. Não deixe de escrever nunca!

    Beijos

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  25. Quanto mais se pensa,mais perdemos a vida linda que temos,a vida tem que ser bem aproveitada,sem perdas de pensamentos tristes,quanto muito,podemos pensar em coisas alegres!!

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