quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A escória dos mas

Os de Alexandria,
Com as suas mãos finas
E suas batinas
De carvão de coque,
Dizem-me que toque.

Ruy Cinatti, O Livro do Nómada Meu Amigo, 
1.ª estrofe de Sinal dos Tempos



http://larajacinto.com/




A escória dos mas atravanca-lhe os espaços
onde ousa em liberdade imolar-se
O poeta voa na dúvida mas
quem se sujeita a asas tem
o destino de sonhar rente às lágrimas se
as nuvens precipitam punhais

O poeta voa na dúvida até
quando  mergulha em transe  no som
da imaterialidade dos dedos queimados
no vazio da luz branca dos dias
Sobrevém-lhe o cansaço lasso lavado a sal
de condenado sem dúvida ao eclipse do sol


hajota

24 comentários:

  1. Os mas são sempre um problema.
    Equivalentes em significado ao pois, Agostinho.
    Servem para tudo e para nada.
    Aquele abraço

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  2. Há sempre dúvidas, mas as palavras do poeta estão sempre escritas no eclipse do sol... Porque há sempre beleza....
    Bonito...
    Beijos e abraços
    Marta

    P.S.: Estarei ausente uns dias.

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  3. Mas que satisfação ter voltado aqui!
    Se a "adversativa" o fez fazer este tão belo poema...
    Os voos do poeta, Agostinho, são quase sempre tão solitários que neles se desenham a sede e as lágrimas e se sublinha o sentido dos sonhos. Porque a Poesia é um lugar de liberdade, mesmo quando o poeta mergulha "no vazio da luz branca dos dias" e se perde a sulcar a memória...
    Um beijo.

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  4. H+a poetas que não querem salvar o mundo

    só ajudar
    sem verdades absolutas
    Abraço poeta

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  5. Adversa, adversária, adversativa, adversidade, adversatividade...
    A família que se opõe.

    Muito belo, este lamento triste de uma liberdade que se conquista
    com muito sofrimento...
    Triste do Poeta que sujeita o seu canto ao desejo de imortalidade
    ou sucesso, penso eu.
    ~~~ Abraço ~~~~~~~

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  6. Boa tarde!

    A liberdade vem sempre acompahada de luutas
    de um preço... mas sempre valerá o valor.

    amei seu blogger e vou seguir-te!

    um abraço!

    http://voo-de-liberdade.blogspot.com.br/

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  7. O Agostinho chega assim pausadamente, MAS traz-nos os "punhais" das "nuvens" transformados em metáforas!
    Bendito condenado dos dias é este poeta!
    Parabéns!
    beijinho

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  8. Muito bom, Agostinho!! Mas difícil! Tive de ler duas vezes atentamente e..., ou melhor, mas....

    Mas gostei da harmonia. Muito bom!

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  9. o desassossego
    os trilhos do poeta
    as lágrimas
    o sabor de sal...

    muito bem Poeta!

    beijinho

    :)

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  10. Gostei muito.
    Sem saber estou em consonância consigo. Irá perceber.
    Bj. :))

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  11. Hola te envio mi blog de poesías por si quieres mirarlo gracias
    pasare mas veces por aquí
    besos

    http://anna-historias.blogspot.com.es/2016/08/los-pasos.html#comment-form

    Gracias

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  12. Agostinho,

    Um poema muito belo na sua densidade, nas linhas paradoxais das
    dúvidas existenciais, mas o caminho, a vida e a poesia sempre
    um começar, recomeçar em eclipses do sol e na sua força plena
    de luz (sol)...
    Aprecio muito o seu caminho poético e também os seus comentários
    no meu blog, com uma leitura atenta acompanhada de comentário
    de qualidade.
    Muita luz e paz, caro poeta.
    Bj.

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  13. Também voltei ao teu Mundo Grande, desatando as palavras que as reinventas em mais um poema extraordinário, pois "quem se sujeita a asas tem/ o destino de sonhar rente às lágrimas se/
    as nuvens precipitam punhais. Belo poema, meu caro poeta!
    Abraços,

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  14. "mas" é sempre uma advertência, o olhar o "outro lado", exercício de inteligência e de sensibilidade sem o poeta se demite do seu "destino de sonhar rente às lágrimas"

    o poema será "retórica", mas não luminosidade...

    gostei muito, Poeta.

    abraço, caro Agostinho

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  15. Caro Agostinho, é num momento inexplicável de inspiração
    que nasceu um poema como o seu. Parabéns.
    Um abraço.

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  16. Entrando apenas para trazer-te um sorriso e uma estrela nas asas do meu carinho, querido amigo, enquanto a poesia ainda me perdura nas asas a incerteza de uma volta...

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  17. Um Poeta tem sempre a liberdade de sonhar, mesmo quando os mas tentam impedi-lo.

    Tenho pena de não conseguir verbalizar como merece, o que sinto.

    Um beijinho

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  18. O mas... e o se... que tanto nos inquientam e desinquietam... também são uma fonte de inesgotável assunto... para os poetas...
    Nestas pequeninas palavras encontram-se todas as possibilidades... e na possibilidade... tudo mora...
    Pequenas palavras... que tanto servem de inspiração... como de alavanca... ou travão...
    Dá que pensar...
    Como sempre um poema brilhante... e que nos oferece muito sobre o que reflectir...
    Beijinho! Continuação de uma óptima semana, Agostinho!
    Ana

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  19. OI AGOSTINHO!
    MAS, QUANDO O POETA USANDO AS ASAS DA IMAGINAÇÃO VAI ÀS LÁGRIMAS, SURGE, ALGO LINDO, COMO AQUI SE LÊ.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  20. Quem nunca tem dúvidas, farta-se de se estatelar.
    Mas os mas não podem estar sempre no horizonte, de contrário não damos uma passo. E nem sequer nascem excelentes poemas como este.
    Parabéns por mais esta pérola poética.
    Agostinho, tem um bom fim de semana.
    Abraço.

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  21. Num tiquinho de tempo e nas asas do vento estou a deixar-te sorrisos e estrelas para enfeitar o teu final de semana...

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  22. Desejo-te um feliz mês de Setembro,fica bem,tudo de bom!!

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  23. Boa tarde, o poeta tem a liberdade de sonhar e escrever o que idealiza.
    Resto de boa semana,
    AG

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  24. Agostinho, olá!
    Aqui chego e vejo linhas poéticas extraordinárias, sendo que o tempo parou aqui: "quem se sujeita a asas tem | o destino de sonhar rente às lágrimas" ...
    Um abraço, amigo poeta.

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