quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Vim pela manhã e vi



Muita gente me tem falado a meu respeito
mas eu cresço e minguo certas vezes anoitece
Sou coisa que se molha encolhe e envelhece
tudo me aquece e tudo me arrefece

Ruy Belo, Boca Bilingue, excerto de       
Em cima dos meus dias            


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~           

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


Vim pela manhã ver e vi
Não há relógio atómico nem carbono
que percepcione e date palavras:
um verso não cabe entre parêntises
Apenas e só o coração sente
poesia que acontece
em qualquer tempo
num tempo  sem tempo

Vim pela manhã ver vi
e havia raios despontado
no horizonte para mim
E correu então entre Terra e Sol
uma neblina um aroma verde
um som claramente salgado depurado:
inundou-me de sabor a mim

Que a poesia acontece limpa
e clara num tempo sem tempo
de emoções que claramente curam


hajota



29 comentários:

  1. É pelo seu poder criativo que nos redimensionamos de forma a enfrentar a vida, nem sempre simples, nem sempre fácil. Mas fazer da poesia um chamamento, convocar a emoção para descobrir a luz, como se o poema fosse a presença, quase invisível, de um rumor de palavras e silêncios. Então sim "a poesia acontece limpa e clara num tempo sem tempo de emoções que claramente curam".
    Lindíssimo, o seu poema, meu Amigo Agostinho. Tudo de bom para si.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  2. E lê-se um poema claro, suave que se torna eterno....pois está cheio de luz que nos abraça.
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  3. Eu vim pela tarde e, mais do que ver,
    senti, toda a beleza que existe dentro de si,
    meu Amigo Agostinho!

    Sabe que me identifiquei com esse poema de Ruy Belo?

    Um beijinho.
    ( maravilhada por tanta beleza, que vejo sempre por aqui! )

    ResponderEliminar
  4. Agostinhamigo II

    Fui amigo Ruy Belo um alentejano de gema, um grande Poeta que dia em Madrid me disse que tinha sido fo...oops, lixado pela Velha Senhora e pelo 25 de Abril. Pois bem, meu querido Amigo que te foste à vida, descansa que á neste país podre com muitos vira-casacas e corruptos que continuam refastelados em bancos & companhia e não os copulam...

    Abç do Henrique, o Leãozão

    ResponderEliminar
  5. Maias um incomensurável vagaroso instante

    ResponderEliminar
  6. O meu comentário não ficou??
    Grande abraço!

    ResponderEliminar
  7. Muito maravilhoso o teu poema,adorei,feliz resto de mês de Outubro para ti!!

    ResponderEliminar
  8. Tão bonito, puro...Adorei!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  9. "Que a poesia acontece limpa
    e clara num tempo sem tempo
    de emoções que claramente curam"
    Sim, poeta,a poesia como e no processo da catarse.
    Ser poeta na nudez do silêncio (solidão) com o mergulho
    nas palavras, que transfiguram, transcendem, libertam
    e curam...
    Admirável sempre este teu caminho original poético a nos
    envolver na pele da alma, depositando em nós a emoção
    na identificação deste espelho humanidade:
    "Um som claramente salgado depurado:
    inundou-me de sabor a mim"
    Magistral na sublimidade esta tua construção poética!!
    Grata por este momento de leitura especial aqui, caro Agostinho.
    Beijos.

    Ps:Quero agradecer também teus valorosos comentários e te dizer,
    que vi o teu gesto amigo de apreço lá no blog da querida Ana e
    não foi tarde, grata viu?!...
    Apreciei o teu comentário-poema lá e tenho certeza que é um
    privilégio para o "anjo de caracóis dourados" ficar perto
    deste poeta com um coração humano lindo!!...

    ResponderEliminar
  10. Tinha comentado que o texto era sublime.
    Ficou pelo caminho.
    Aquele abraço, bfds

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro amigo, Pedro, obrigado pela persistência. Houve algum lapso certamente.

      Eliminar
  11. Não estou a conseguir comentar.
    O que é que se passa?

    ResponderEliminar
  12. A poesia cura... liberta... faz-nos sentir... recordar... reorganiza-nos por dentro... e parece devolver-nos tempo... ao nosso tempo...
    Recomenda-se... e aconselha-se a sua prática continuada... que tão bem faz ao corpo e mente... não poderia concordar mais, com as suas palavras, Agostinho...
    Poesia em estado puro... foi o que vim descobrir aqui... e vi!...
    Beijinho! Bom fim de semana!
    Ana

    ResponderEliminar
  13. belo mergulho poético. até a raiz
    onde a Palavra é combustão e água.

    muito belo teu poema, meu amigo

    forte abraço

    ResponderEliminar
  14. A poesia pode ser intemporal.
    Magnífico poema, parabéns.
    Bom fim de semana.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  15. e a poesia é isso
    a palavra límpida
    sem tempo ou sempre
    na inspiração
    do Poeta

    lindíssimo poema

    bom fim de semana.

    beijinhos

    :)

    ResponderEliminar
  16. Tantas sensações claramente sentidas, sentidamente belas, mas nada ultrapassou o mistério do mundo emotivo que se refugia no mundo do eu. Aqui nasce a limpidez das águas poéticas. Aqui nasce orvalho que inicia o trajecto cristalino da palavra.
    Belo demais, Agostinho
    Beijo! *

    ResponderEliminar
  17. Boa semana, Agostinho! Espero que os exames tenham corrido muito bem, e tudo esteja já devidamente afinado e calibrado!... :-D
    Pareceu-me ler num comentário, que o Agostinho, teria encostado à boxe, há uns dias atrás... espero que nada de sério!... :-)
    Tudo a correr pelo melhor! Beijinho
    Ana

    ResponderEliminar
  18. Tragam este tempo
    também o quero, solene,
    malgrado a vaga,
    uma folha, um tronco de árvore
    para nela singrar,
    para nele boiar
    Tragam-me uma lembrança
    empapada de orvalho
    para que o tempo,
    sol pagão,
    ascenda como um diamante
    ou como um clarão,
    lanterna que me leve
    ao fundo.

    Forte abraço, admirado poeta!

    ResponderEliminar
  19. Gostei muito do poema!
    Um beijo e desejo-lhe um bom feriado:)

    ResponderEliminar
  20. É isso, poeta...
    A palavra limpa e clara que desperta emoções
    que só o coração sente... assim é a poesia...
    Grande abraço, Agostinho.
    Muito bom.
    ~~~~~~~

    ResponderEliminar
  21. Gostei de reler este magnífico poema.
    E acrescento que quando escrevemos nos vamos conhecendo melhor...
    Bom fim de semana, caro Agostinho.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  22. Muito belo o seu poema, Agostinho.

    Realmente não existe relógio de palavras,uma cadência certa e repetitiva como o tempo regido por ponteiros.Nunca haverá um padrão certo para que se exprimam as emoções e aconteça poesia.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  23. Este poema comoveu-me, transportou-me para lá do tempo em que o silêncio impera e apenas se ouve o som do coração maravilhado. Felizmente o mundo e grande e lindo e momentos desses acontecem, basta que os olhos vejam e alma sinta. Um abraço Agostinho e que o sábado seja mais um dia calmo e inspirado para nós encantar.

    ResponderEliminar
  24. Que bela forma de dizer como acontece a poesia!
    E cura, sim!
    Maravilhoso!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  25. Por vezes, nem as palavras conseguem ser perfeitas para traduzir estados de felicidade e de gratidão perante alguns momentos. Não foi o caso, Agostinho. Estas saudaram-te, beijaram-te e deram-te vida (ou vice-versa).
    Estaquei, também, por momentos, no teu poema.
    Bj

    ResponderEliminar