quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Escada de serviço

Ruy Belo, "tu estás aqui"!
27fev1933  -  08ago1978 (...)




Belo,
apesar do peso da cinza
se fez árvore
Apesar da árvore
que se fez cinza
Ruy e Belo

                           hajota







Não li nem vi
isto isso ou aquilo
tão pouco sei se os olhos
já cansados têm cristalino decente
se viram este esboroar vice-versa
O que eu sei é que a gente entra
em casa
e a porta abre-se por si
atravessa-se ela em nós
divisão a divisão ou
então é a gente que se atravessa
sempre à pressa
Quando menos se espera
não se escolhe a altura
não se pensa na altura
está-se na porta dos fundos
dá-se um passo no escuro e
não está lá
a escada de serviço


hajota


24 comentários:

  1. Seja bem regressado, Agostinho!
    Já andávamos a sentir falta dos seus escritos.

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  2. É tão difícil aceitar a inevitabilidade das coisas. Esse passo no escuro… Sem pé perante a lucidez com que se entende o que se passa… É tão difícil esquecermos como eram verdes as mãos com que agarrávamos o tempo…
    Temos o sul coberto de cinza e chamas. Não sabemos se, no milagre de cada manhã, haverá algum rio para nos purificar a sede…
    Gostei muito do seu poema, meu Amigo Agostinho. Gostei de o ter de volta, aqui…
    Um beijo.

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  3. Estamos sós...somos invisíveis... O Mundo esquece-nos...
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. OI AGOSTINHO!
    A CADA PASSO, MAIS NOS APROXIMAMOS DESTA PORTA DOS FUNDOS, QUE PODE NEM ABRIR-SE PARA QUE A TRANSPASSEMOS.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  5. Belíssimo... e tragicamente certo. Muito bonito e sempre com as palavras certas.

    Um abraço amigo.

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  6. Meu caro Agostinhamigo II

    Ressuscitaste - o que me deixa encantado.

    E com um poema como sempre inesquecível. dá-se um passo no escuro e
    não está lá
    a escada de serviço

    A transcrição é absolutamente necessária para te agradecer o poema e a volta. Agora, também como sempre, fico à tua espera.

    Um abração deste teu amigo e admirador
    Henrique, o Leãozão

    INFORMAÇÃO
    Cumprindo uma “ordem” da Janitamiga está publicado na Nossa Travessa um textículo mais divertido com o título O meu nome é Batalhão. Na próxima sexta-feira espero retomar a saga É DIFÍCIL VIVER COM UM IRMÃO MONGOLÓIDE. A vida é feita de contrastes.


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  7. Agostinho,
    O fato de termos coragem
    de nos expressar
    é um passo que vale
    sempre.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  8. Na porta há misticismo!
    Há enigma na porta.
    Entrar? Será que comporta?
    Estagnar ante o abismo?

    Porta é mistério - cismo!
    Além há uma rota torta?
    Há abrigo que conforta?
    Ou há um novo catecismo?

    Sim, pela porta frente
    Chegamos e de repente
    Deparamos com a de trás!

    Vida, e morte indiferente.
    Quero agito e luz fremente!
    Não quero, Agostinho, a paz...

    Minha gratidão pelo belo poema que deixaste em meu espaço. Grande abraço, amigo Agostinho! Laerte.

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  9. Leio, sinto, apreendo-lhe o sentido,
    mas é tão inevitável esse passo no escuro
    que, agora que me sinto mais perto, prefiro afastar de mim
    esse pensamento.
    Entrego-me nas mãos do que tiver que vir e que não posso, não podemos, prever quando
    nos irá falhar...a escada de serviço.

    Gosto de Ruy Belo, gosto de cá vir e gosto de o ler, Amigo Agostinho.

    Um beijo.

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  10. Ora ainda bem que está de regresso!

    Feliz semana

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  11. Que a 'escada e serviço' esteja lá quando chegar a hora do salto,Agostinho.
    _se estive perto de ti,(quando aí estive),prometo na próxima 'abalroar' em algum cais para materializar a amizade,
    abraços da lis

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  12. A cada momento , um instante que traz a incapacidade de reação , a poeira que entorpece e obscurece a realidade.
    Não há escada de serviço capaz !
    Oportunissimo e belo poema , Agostinho
    Um beijo

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  13. Nem sempre as escadas estão a nossa espera;
    Temos que nos virar com o que tem.

    Obrigada pela lembrança e visitar a casa fazia
    um bom tempo que não te avistava por lá...
    Bom final de semana.
    PAZ E BEM
    janicce.

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  14. Querido Amigo.
    Há que ter força e coragem para não encarar
    'a passagem' como um salto no abismo, mas
    como parte de um percurso natural.
    Não gosto de o ver tão nostálgico...
    Reuna todas as forças para se pôr em forma.
    Ainda em férias, passei para cumprimentar...
    Grande abraço.
    ~~~~~~~~~

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  15. Belo post, coragem para enfrentar os desafios, se a escada não está, improvisemos a subida, menos saltar no escuro!

    Grande postado!
    Abraço!

    Se puder visite o blog:
    Lá tem poesia sem a vogal "A" lá o blog

    https://preenchendootempo.blogspot.com/2018/08/estreito-e-escuro.html

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  16. Deve ser assustador quando não se encontra a harmonia que se espera.
    Gostei muito do poema. apesar do desassossego.
    Beijinho. :))

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  17. Agostinho,

    Este seu poema é ímpar: excelente, dorido e hipnotizante (o
    sentir poético nos atravessa a alma...).

    Faco a ligação deste sentir em relação ao meu País, que se
    encontra sem "a escada de serviço", muito difícil...

    Parabéns pelo poema.

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  18. O mundo é grande e nós tão pequenos. Gosto muito da poesia de Ruy Bello. Um abraço.

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  19. um poema que entendi tão bem...
    às vezes somos autómatos
    e a vida é breve e desassossegada

    beijinho

    :)

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  20. Volta e meia, vinha aqui e... nada! Para meu desconsolo!
    Passei a espaçar mais as espreitadelas... Até que, a dado momento, um pouco desiludido, as interrompi. (Mesmo um poeta cansa-se de sonhar, concedia...)
    Hoje (graças a um certo espírito-santo-de-orelha) espreitei de novo e, bingo! Nada menos que duas crias, todas lustrosas e de orelhas arrebitadas!
    Bem regressado sejas, Poeta!

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  21. Andamos pelas mesma ruas e pisamos as mesmas pedras, mas há sempre uma diferença... o segredo é este fazer tudo como se fosse a primeira vez e aclamar cada crepúsculo...
    O poeta Ruy belo nunca se esvai...
    Forte abraço, meu caro poeta!

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  22. Gostei de ler Belo.

    Desejo que esteja bem e tenha feliz resto de Setembro

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  23. É isso mesmo... um poema que nos vem lembrar, o quanto tudo na vida, é tão efémero, frágil e precioso...
    Admirável poema... que nos obriga a reflectir... na firmeza, ou periclitância... do passo seguinte...
    Beijinho
    Ana

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