domingo, 21 de abril de 2019

O Humano Ofício V


Em tempo de Páscoa, desejo aos amigos um caminho ousado, renovado a cada passo.
E que as margens nos contenham, não se entorne .a força de viver.

                                                                                                  hajota


oooooOOOooooo


"Dai-me a casa vazia e simples onde a luz é preciosa. Dai-me a beleza intensa e nua do que é frugal. Quero comer devagar e gravemente como aquele que sabe o contorno carnudo e o peso grave das coisas."


Sophia de Mello Breyner Andresen, Dai-me (excerto inicial)


                                                                  oooooOOOooooo


van gogh



oooooOOOooooo



O Sol transpinta-se d’alva ao poente
o fogo vermelho sobe desce e esmaece
progressivamente arrefece
Os azuis acinzentam-se cansados
e o violino desce ao cais dolente:
homem
Tantos gestos repetidos pintados
desiguais na  sedutora melodia
dias meses anos sem parar:
o desafio dos mastros erguidos
telas enfunadas num sopro de partidas
e chegadas em torno do fio:
o ir e o voltar ao lar

hajota

12 comentários:

  1. Uma publicação sublime!
    Gostei da imagem, figurativa, contida no rio das nossas vidas que, por vezes, galga as margens fazendo transbordar as águas das nossas emoções.

    Também aprecio a leveza subtil do que é frugal, como a Sophia.

    Abraço com votos de saúde e harmonia.

    Beijinhos, Amigo Agostinho

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  2. Muito, muito lindo!!!

    Beijinhos poéticos.

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  3. Por ser aqui onde pertencemos...
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. No lugar onde o sol se cruza com os olhos do Poeta, rodopia o tempo da esperança, apesar dos "gestos repetidos. O "desafio dos mastros" devolve-nos o improviso de viver todas as coisas neste chão que é nosso…
    Gostei muito do poema, meu Amigo Agostinho.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  5. Maravilha, Agostinho.
    Sedução num tempo de renovação.
    Aquele abraço

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  6. Olá, Agostinho,
    Tudo em sincronia cumprindo o mesmo ritual desde sempre, o sol nasce e põem-se, o fogo espraia-se, as cores desbotam, a humanidade acha-se e perde-se num ritmo frenético, alucinante, deixando-nos a certeza de que assim seguirá.
    Gostei, também, de Sophia de Mello e de Van Gogh – sempre.
    Beijo, amigo, uma ótima semana!

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  7. Não há como comentar: é tudo real e poetizado duma forma
    muito bela e interessante.
    Agradeço os bons momentos de leitura.
    Gostava que desse o seu parecer sobre o meu soneto que
    também canta o ocaso, o crepúsculo e a noite...
    Tudo bom... mastro sempre em prumo...
    A minha amizade num abraço.
    ~~~

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  8. retrato de muitas vidas!

    um abraço, Agostinho

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  9. Gosto verdadeiramente desta "anarquia", sabiamente organizada, em que se cruzam cores e seus reflexos, palavras e um multiplicidade de sentidos, que confluem no mesmo destino - o eterno retorno matriz original.

    ou como o Poeta escreve - "num sopro de partidas e chegadas em torno do fio:
    o ir e o voltar ao lar..."

    forte abraço, caro Agostinho

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  10. Uma verdadeira pérola poética... que irei adorar exibir na minha praia, qualquer dia... com o respectivo link para aqui, pois claro... se não vir inconveniente, Agostinho!...
    Não consegui chegar aqui a tempo da Páscoa, mas estimo que a mesma, tenha sido passada pelo Agostinho, de uma forma muito feliz, na companhia dos que lhe são queridos!
    Beijinho! Bom final de domingo!
    Ana

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  11. E como o mundo é grande! Gostei muito do poema!

    Beijinhos.

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