terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Natureza quase morta



Periclitantemente preso
ao movimento dos dias
um cetáceo pendente dum fio
esfiapado,
espera embarque no cais.

Na incerteza da horizontalidade
do linóleo da estação
pára,

Um natureza quase morta,
robalo inerte numa cama,
homem assim vale nada:
seja quando Deus quiser.

rebobina à pressa
a vida na ordem inversa,
desfia rosários de meses dias horas,
a existência, procura
a alvorada onde tudo começou.

No cais uma natureza quase morta,
avança.

Confere no fio de prumo
a justeza da verticalidade,
o perfil,

Seja o que Deus quiser
um homem assim vale nada.

sente os balanços telúricos da idade,
o lento movimento dos pés,
o fervilhar do coração.

Precipita-se em câmara lenta
para o cais
qual cetáceo arpoado
suspenso dum barbante
espera o aço frio da adaga. 

25jan2014
hajota

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