quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ontem à noite ouvi dois bois

Ontem à noite ouvi dois bois
da boca dum homem.
Dois bois que eram quatro olhos,
na boca do homem olhos tragados
por areia estéril, regada
a suor do lavrador que a arou.
Olhos prodigiosamente libertados 
em manancial fresco, ouvi do homem,
onde antes apenas um deserto.

E ainda agora, não o homem,
fui eu que vi 
sem lavrador olhos bois,
uma roda abandonada pois, 
que transparece numa parede
às pedras inutilidade,
jorra por encanto afinal 
histórias em fios cristalinos de verdade
que se desprendem 
dos olhos de gente.

hajota

6 comentários:

  1. Essas "histórias em fios cristalinos de verdade que se desprendem dos olhos de gente" são as que os seus olhos sensíveis podem recordar e guardar em suas mãos o suor, tanto, de quem arou a terra e com ela se confundiu...
    Um beijo.

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  2. Pareceu-me o brincar das palavras num espelho barroco.
    Gostei.
    Boa noite!:))

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  3. ~ ~ Memórias respeitosas de tempos difíceis, em canto sentido e magoado. ~ ~

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  4. Há sempre histórias...Há sempre um olhar perdido em memórias...
    Gostei muito...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. .

    .

    . ainda há quem não saiba onde reside a Poesia .

    .

    . um abraço .

    .

    .

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