A rouquidão que
te afoga a garganta
pede o mel que
solta os timbres doces,
a secura que te
paralisa a língua
pede a seiva que
escorre das comissuras do desejo,
a névoa que te
obnubila o horizonte
pede a luz que
faz crescer o ardor,
o marulhar
confuso dos sons que te afunda
pede a brancura serena do silêncio,
as asperezas
que te povoam a pele
pedem a brisa
suave da praia deserta.
A esperança está no iodo de um beijo
que te resgate num
toque de veludo
e tu enredada em abstrações
de transparências etéreas
julgando ter as simetrias lidas no céu
ao alcance da mão
e afinal não saem de onde estão.
Perdeste-te em prelúdios de palha
a roubar sonhos em galáxias
inventadas num torvelinho de insónias
à espera que o dia se fizesse no mar,
que a luxúria da luz inundasse
o ondulante horizonte azul
e limpasse a névoa que te tolhe o olhar.
hajota
el beso de los amantes - René Magritte |
Só o Agostinho podia escrever este poema.
ResponderEliminarUm perdição!
Boa semana
A presença do Pedro traz-me sempre sentimentos positivos para a luta do dia-a- dia. Obrigado.
EliminarO tema da mudança. Tudo passa e corremos cegos atrás de quimeras. Sonhos de palha que o fogo consome. Prazeres que nos movem e nos abandonam.
ResponderEliminarÉ mesmo, Luís, desperdiçamos os dias nas aparências sem chegar ao cerne.
EliminarObrigado
Agostinho,
ResponderEliminarAprecio muito a sua escrita pois me remete à nobreza de uma língua que me encanta. Compreendo que o universo está em expansão e aceito a natureza das perdas, inclusive a necessidade do silêncio e da solidão.
Mas existe algo disforme no sofrimento quando perdemos a doçura do encontro e não reconhecemos a face amada.
É um poema que levo à reflexão e muito agradeço.
Um abraço!
É com muita alegria que a vejo aqui a comentar com sensibilidade e perspicácia.
EliminarObrigado e volte sempre que puder.
Abç
Este poema, Agostinho é um itinerário de emoções que vão do sonho à nostalgia, da realidade ajustada à memória, ao desencanto. Dá-me vontade de perguntar: "Como pode não arder um fogo que se atiça a sonhos velhos"?
ResponderEliminarPoema para reflectir, também.
Um beijo, amigo.
A poeta alinha os sentimentos que tem à luz do dia: "Como não pode arder um fogo...". Com uma generosidade rara.
EliminarObrigado
E as mãos ficam vazias....o olhar esquecido no tempo...
ResponderEliminarSem que o nevoeiro se levante...
Brilhante...
Obrigada pela partilha e pela visita
Beijos e abraços
Marta
Obrigado pelo comentário de mãos cheias.
EliminarSempre que posso passo por lá.
Bj amigo
~ ~ ~ Até os prelúdios de palha são importantes lições de vida. ~ ~ ~
ResponderEliminarNão tenha dúvida mas há que querer mais.
EliminarObrigado.
Vozes ao alto
ResponderEliminarApesar de tudo o coro continua vivo.
EliminarObrigado pela sua presença.
mas há sempre um novo amanhecer, por vezes serve para nos encontrarmos .
ResponderEliminarmuito belo além de nos deixar a pensar.
:)
O que é bom, Sol, pensar; julgo ser um dos objetivos da poesia.
EliminarObrigado por vir aqui e pelo amanhecer que há às terças. A pensar.
Agostinhamigo
ResponderEliminarUm jogo de palavras, de sentimentos, de desejos, de espantos, de esperanças e de desilusões. Um poema intrincado onde se tem de ler o sinuoso percurso do Poeta que és.
Como sabes, eu sou mais de Prosa, mas também gosto de boa Poesia, o que é o caso; por isso vou reler o Poema, a ver se consigo , qual Teseu, percorrer o labirinto que criaste. E penso que não vou cair no Minotauro. Lagarto, lagarto, lagarto.
Parabéns e uma pergunta: por que bulas deixaste de ir à nossa Travessa? Que afinal são três: insultei te? Ofendi-te? Estou seguro que não,,, mas vou votar Costa... rrrsss
Abç
Obrigado pela visita, HenriquAmigo. A caverna não tem monstros, fica descansado antes pelo contrário. Quem a habita mantém dois olhos que, apesar da erosão dos dias, ainda cumprem o seu papel (embora com uns vidrinhos para compor a imagem). Confere lá a coisa pois paguei as ditas. Quanto a três, foi a conta que Deus fez, melhor seria pois o jogo está xis.
EliminarUm dia entrei com meu primeiro blog.
ResponderEliminarSem imaginar construia
um cantinho onde viesse habitar estrelas e cometas.
Na minha vida muita coisa mudou
Desse dia
em diante passei a ser Fonte de Amor.
Nome dado ao meu primeiro habitar.
Quanto mais o tempo passava
amizades lindas fui encontrando.
Outros habitar fui construindo
até entrar com o blog que mais
tarde eu daria nome ao meu primeiro livro.
Agradeço a Deus por tamanha conquista.
Hoje venho comemorar
com você mesmo atrasada meu aniversário.
A lembrança desse dia deixei na
postagem coso gostar ofereço com muito carinho.
Um abençoado final de semana.
Paz ..amor..Evanir.
Agradeço a presença e como fiquei sabendo do seu aniversário, mesmo fora do dia, nunca é tarde para desejar-lhe as maiores felicidades. E saúde se Deus quiser.
EliminarAbç
Muito bom, certamente não apenas sugestionado pela imagem que inspira...
ResponderEliminarforte abraço
A vida e o mundo são uma constante inspiração, Daniel.
EliminarObrigado pela consideração.
Saudações poéticas!
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