A todos os amigos um abraço de Boas Festas
Fonte Wikipédia |
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Foi tudo
tão pontual
Que fiquei maravilhado.
Caiu neve no telhado
E juntou-se o mesmo gado
No curral.
Nem as palhas da pobreza
Faltaram na manjedoura!
Palhas babadas da toira
Que ruminava a grandeza
Do milagre pressentido.
Os bichos e a natureza
No palco já conhecido.
Mas afinal o cenário
Não bastou.
Fiado no calendário
O homem nem perguntou
Se Deus era necessário...
E Deus não representou.
Miguel Torga (in Diários) poema de Natal que
ressuma
o tom de autenticidade do Homem e
da
pessoa que ele foi - a sua imagem.
O Pai Natal é contrafeito, digo
eu.
Paul Gauguin, |
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Que distância vejo de mim a ti,
que distância mediste tu?
Ideal seria se fosse igual. Mas não é.
A manteiga do relativismo é o que é.
dois pontos: um sobe o outro desce?
Justo seria se houvesse
ponderação,
equidade, disponibilidade no esforço…
subir e descer custa. O que custa!
A quem custa: a mim ou a ti?
Poderíamos convergir para um
ponto
comum. Logo veríamos como
fazer
o balanço do subir e do descer,
ou
vice-versa: subir pode ser descer.
Teoricamente seria fácil, mas,
sabendo-nos os dois:tu és tu e eu sou eu...
É tão complicado o simples!
Por exemplo, as peúgas no tapete,
minhas, e as tuas (meias) dependuradas
no
aquecedor. Tão simplesmente coisas de pés.
Ou a tampa da sanita levantada por
mim
e baixada por ti. A mesma
circunstância
comum: urinar: uma divergência sem fim.
Um
pózinho de orgulho, casmurrice,
a natural oposição entre mim e
ti,
e gestos que afastam a distância da vontade.
Caminhamos mesmo assim? Por
necessidade,
atínhamo-nos à certeza óbvia das
marés,
à força, à atracção orbital dos corpos
em equilíbrio relativo, e às ondas...
Contávamos as ondas uma a uma,
passo a passo, tu e eu a convergir e,
à sétima, a absolvição da espuma branca,
o regresso à (in)genuidade original,
sem recriminações, sem
mácula de natureza,
isto é, a aceitar o caos das coisas todas.
Cada coisa feita perfeita,
completa, combinatória
e harmónica como força pulsante, convergente
e divergente, ora coração ora
universo, à vez.
E se da terra ao céu não houver distância?
Há sim uma irrealidade ancestral e presente,
a da voragem
da luz que nos cega.
E se te dissesse que à
noite se vê melhor
o caminho
marcado da distância
numa conjugação diferente, não
condicional?
hajota