sexta-feira, 28 de março de 2014

1.º mulato – Hamlet

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Nada tinha a ver, que se soubesse,
com a terra dos yes
e o Camões de sua majestade.
Veio ao mundo deserdado,
pincelado de café.
A madrugada o pariu
mas a mãe de verdade,
tão crente na sua fé,
logo que o viu,
para ele pediu sorte
aos santos de sua devoção.
Não tendo valor que lhe desse,
talvez por inspiração celeste,
decidiu: vais chamar-te Hamlet!
Logo que o sol surgiu
fez-se gente, de repente
na rua ganhou vantagem
fez-se estrela brilhante
no curso de vadiagem.
Entre a tribo do calção,
se tinha a bola nos pés
o rapaz tinha um condão,
não havia quem lha tirasse
mesmo que fossem dez.
Ai, fogo, Hamlet,  jura mesmo
c’o sangue de Cristo,
é brinca n’areia, desisto.


2010
hajota

6 comentários:

  1. Ser ou não ser Hamlet, não é questão nenhuma.
    A verdadeira questão é que o rapaz que veio ao mundo pintado de café e a quem a mãe, por inspiração celeste, chamou Hamlet, era um artista!

    Poema exacto, cheio de ritmo e graça! Parabéns, Hajota!

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    1. Se o Hamlet da bola tivesse hoje vinte anos seria um bem transacionável cobiçado por agentes e clubes a proporcionar ganhos de milhões aos tais.
      Obrigado pela apreciação.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. A estória é real, passada há um ror de anos, quando os jogadores se contentavam, no final dos jogos, com coca-colas e sanduiches. Apenas os melhores levavam uma nota ou duas ao fim do mês.
      Obrigado pelo comentário.
      BFS

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    2. ~ Eu que pensava que o poema era recente!
      ~ Gosto de poemas que contam uma história.

      ~ Esteve no Brasil, Agostinho?

      ~ ~ Um bom fim de semana. ~ ~

      ~ ~ ~ O melhor possível. ~ ~ ~

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  3. Recente 2010. Memória de estória com muitos anos. África.
    FDS com sol.

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