Está aqui um problema bicudo?
A Rússia sempre teve fronteiras flutuantes. Não nos esqueçamos que tem
no seu ADN a ambição de potência imperial. E, se a perestroika deixou muita gente incrédula sem perceber o
desmoronar do modelo URSS, o certo é que a Rússia se adaptou às circunstâncias e
ao tempo. Aí está de novo vigorosa a tirar partido no jogo do xadrez
internacional.
Vimos o que se passou, e ainda passa, na Síria. O acordo de destruição
das armas químicas foi alcançado para proveito dos EUA (que assim ficou bem na
fotografia) mas sobretudo da Rússia que tem pedras dentro da sua bota para
resolver. Os americanos, não os EUA, estão a ficar fartos de guerra e, por isso,
não vão arranjar outro atoleiro tão cedo.
Na Europa, a UE é a Alemanha que já não pode ganhar guerras, não tem
como as fazer e sempre as perdeu mesmo quando era uma potência militar. Nem a
Europa, no seu todo, conseguiria mobilizar a população para entrar num conflito
armado, porque a cultura dominante tem outra matriz: ninguém consegue calçar
botas às gerações atuais. A França é um bluf, tirando umas sortidas na África
subsariana.
A Europa tem é vocação para se submeter. Foi durante o século XX um “protetorado”
americano, amigo e na segunda metade um tampão ao “expansionismo soviético” no
mundo. Se a Europa se autonomizar dos EUA por sua iniciativa ou se os
americanos deslocarem as suas prioridades para o pacífico, onde as coisas mexem
e onde poderá ganhar a lot of money, a “velha senhora” vai sentar-se ao colo da
Rússia.
Quanto ao que interessa, agora: a Crimeia democraticamente, por referendo,
escolhe ser território autónomo russo; a Ucrânia fica nas mãos do diabo. O
futuro poderá passar pelo retalhar aquilo em talhões, como aconteceu na
ex-Jugoslávia.
Será que a EU vai pagar a conta do gás dos ucranianos diretamente à Russia?
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ResponderEliminar~ Considero um bom comentário à situação política atual, com um ou outro, senão.
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~ Dizer que a "Rússia está de novo vigorosa", é falta de precisão, a expressão deveria ter sido precedida por ""aparentemente"". Penso que a qualificação, ""ardilosa"", seria mais ajustada.
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~ Putin apressou-se a passar para o exterior, uma imagem de prosperidade, mandando reabilitar edifícios luxuosos do tempo dos czares, Igrejas e templos, conseguindo as boas graças dos líderes ortodoxos; mas todos sabemos que o povo russo vive na penúria, numa vida sem esperança e sem sonhos.
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~ Ávido de poder, Putin não hesita em cruxificar novamente a Ucrânia que tem sido palco de atrocidades e profundo e doloroso sofrimento.
Ficou na História por ter passado por uma sangrenta guerra civil em que irmãos, pais e filhos se delatavam. A comunização ucraniana, foi um horror!
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~ Sabemos que há muito, desde os combates do oriente, que os americanos, estão saturados de guerra. Há mães corajosas que emigraram e ainda abandonam o seu país natal, para protegerem os filhos.
~ É notório que Putin está a aproveitar-se da conjuntura internacional lhe ser favorável, mas a China tem acordos comerciais com a Europa e precisa do dinheiro desta. A Alemanha nunca esteve a dormir.
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~ A Europa esteve sob a proteção dos US, como refere, para se protejer da ditadura russa, mas a "velha senhora" nunca se sentará ao colo da mãe Rússia!
~ Há valores no Tratado da UE, que se forem postos em causa, a fariam ruir, de imediato. É por esta razão que os nossos partidos da extrema esquerda, a odeiam tanto.
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~ É asquerosa a forma como o líder demitido, tornou a Ucrânia num grande credor da Rússia, considerando que o país precisa ser aquecido para sobreviver.
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~ Sopram maus ventos sobre a Europa, mas servirá para que os países mais favorecidos se convençam que têm que proteger os mais débeis e que a ideia de uma Europa forte, é mais urgente do que nunca.
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~ Caíu o muro de Berlim, mas infelizmente, este caso não fará mais do que, deslocar esse muro, um pouco mais a Oriente. ~
Deveria constar, "crucificar"-
EliminarAs grandezas e misérias dos homens repetem-se indefenidamente. A História ensina-nos isso. Básicamente o que lixa isto tudo é que o homem continua hoje igualzinho nos sentimentos ao tempo em que habitava as cavernas. É por isso que continua a repetir os mesmos erros.
EliminarEstá tudo tão complicado que até assusta... Bom texto para reflectir.
ResponderEliminarAbraço.
Obrigado pela sua dica, Graça Pires.
EliminarO risco de guerra fez-me conhecer (melhor) a geografia. E tudo o que escreves faz sentido
ResponderEliminarMas tarde que cedo, a Europa
não terá onde cair morta
percebi que as geografias
mudam todos os dias...
(mesmo que não dêmos por isso)
É isso, Rogério. Todos os que têm a nossa idade, mais 5 menos 5, têm tendência para olhar para trás, Quem vê de verdade percebe - o caminho que seguimos pode desaguar num beco sem saída.
EliminarE a Europa é um continente de gente velha calçada de pantufas...
"O futuro poderá passar pelo retalhar aquilo em talhões, como aconteceu na ex-Jugoslávia."
ResponderEliminarSem querer fazer futurologia, é esse o meu feeling.
Uma parte integrada na Rússia, outra integrada na União Europeia.
Se a UE não estourar de tão inchada.
ResponderEliminarBom trabalho.