sábado, 22 de março de 2014

Conversas de parapeito


Adolescencia - Salvador Dali



debruçada à janela vê
como ele está bonito
cresceu tão depressa!
já lá vai a infância
como os anos passam…

na imensidão da planície
em toda a superfície
correm gazelas numa elegância
de passerele

que pernas tão altas
a roupa não lhe serve
é urgente ir ao shopping

dão corridinhas para ensaiar
fugas dos ataques felinos

pois, não tarda, começam as aulas
não pode ficar envergonhado,
as garinas não o vão largar,
deixar em paz,
pobre rapaz
para quem estará guardado?

coração em sobressalto
aceleram para não serem caçadas.


que princesa lhe vai calhar?


hajota



4 comentários:

  1. Gostei do poema que casa tão bem com a tela de Dalí.
    Boa noite!:))

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  2. ~ Muito breve, diria, efémera, é a época de sonhos principescos; agora que os
    casamentos fazem-se e desfazem-se, cada vez mais cedo.

    ~ Mas estas não são histórias poéticas...

    ~ Poético é perceber como a cirancinha se tornou um elegante mancebo que se prepara para a dança do acasalamento.

    ~ ~ ~ Ótimo Domingo, Agostinho. ~ ~ ~

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  3. não sabemos, o futuro é uma incógnita.
    um poema bem "casado" com a imagem escolhida.
    beijo

    :)

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  4. Este poema tem um quê muito especial, que não sei definir... Lirismo, erotismo, sensibilidade...
    Faz-me lembrar as cantigas de amigo e de amor da Idade Média.

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