sábado, 15 de março de 2014

A oportunidade do veto

Contrariando auspícios leporídeos o senhor Presidente da República, no uso das suas competências e faculdades de momento, vetou o decreto-lei com que o Governo pretendia aumentar a “taxa” para 3,5%, sobre os vencimentos dos servidores do Estado, para a malfadada ADSE (onde muito boa gente mama, não os funcionários).

O senhor primeiro-ministro ordenou e o ministro da presidência e dos assuntos parlamentares cumpriu (para não ser demitido?) a ordem de envio do decreto à Assembleia da República, sem alterações, para que os deputados da maioria o confirmem. 

O PM deve ter ficado com azia, porventura, com refluxo esofágico que, como se sabe, é deveras incomodativo. É que, na justificação do veto está implícito, para quem sabe ler e tiver memória, que os animadores das hostes pêessedistas e franjas adjacentes andaram e ainda andam a mentir com os dentes todos ao pagode.

Aqueles senhores, cipaios para todo o serviço, começaram por dizer que os funcionários públicos tinham a assistência na doença – ADSE de borla, depois que não era auto-sustentável, etc. Prestam-se a estas cenas tristes na esperança de serem bafejados pela sorte, tipo prenda de Natal, com a nomeação para cargo vantajoso, quiçá até no topo da estrutura do poder. Ao injetarem assim, de forma rasteira, o povo com o soro da mentira estão a engordar um dos pecados maiores da Nação: a inveja.

Ora, o PR justifica que os atuais 2.5% de desconto que está a ser praticado chega perfeitamente para suportar os custos do subsistema, ficando assim mais que clara a intenção do Governo, mais uma vez, ir ao bolso dos que estão mais a jeito com o objetivo de financiar a "renda" da Troika. O PM tem com certeza algum problema mal resolvido para se atirar, sem dó nem piedade, aos servidores do Estado. Com a argumentação “porque sim” quer que os deputados que lhe são fiéis façam o seu trabalhinho respondendo amen.


Se os deputados vão meter a mão na massa, poderia o Governo aproveitar para, de uma paulada, matar dois coelhos, salvo seja.  Abre a ADSE a todos os beneficiários do SNS e mantém os 3.5% mas para toda a gente. Atingirá o climax da felicidade eterna: é democrático, acaba com a azia e a inveja e, milagrosamente, assegura cash nos cofres do Estado. Mais, depois da "carneirada" baixar as orelhas, passa ao plano seguinte: vende o negócio da saúde e da segurança social aos privados assegurando financiamento para dois séculos, no mínimo. Dá também para comprar uns jet planes para governo dos ministros que sabem bem fazê-lo. Fantástico!

2 comentários:

  1. ~ Eles não param, não dão descanso!

    ~ Eles nem esperança nos dão! A palavra de ordem é despojar-nos de tudo, incluindo a dignidade.

    ~ Em relação à Segurança Social, infelizmente, não há razões para tal inveja, os funcionários de estado fazem descontos maiores do que os restantes trabalhadores.

    ~ Esta decisão é mais um ato de pura tirania e cobardia, sobre quem não se pode defender. ~

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