A esperança de vida da espécie leporídea estima-se em 4 a 10 anos, uma
eternidade para bicho tão pequeno, que passa a vida em correrias, saltos e
patadas. A propósito de tão despropositado comportamento, diz-se, desde tempos imemoriais, para precaver ingénuos, que se deixam
levar pela macieza da sua pelagem, que a sua perigosidade é real e tamanha que chega a
desencadear terramotos pelas patadas que desfere, com as traseiras no chão.
Claro que essas catástrofes só ocorrem se não houver um humanoide que,
por óbvias razões de sobrevivência, própria e da sua prole, não saia armado de
varapau e lhe entorte as vistas, definitivamente. Zás, com um só golpe às orelhas fica sem vontade de fazer malfeitorias. O
ideal é dar-lhe a paulada logo no primeiro ano de vida. A carne será mais tenra
e o que se poupa em fogo é bom para o ambiente.
Não há melhor destino para a viande do que a caçarola. Conceda-lhe um
estágio prévio de 8 horas em vinha-d’alhos, após uma boa esfrega de lombo com
sal e louro. Não se preocupe com as horas certas. O tempo de duração do seu
horário de trabalho é o bastante. Verá, quando chegar à cozinha o coelho já não
salta. Frite-o em azeite bem quente: tostadinho é uma maravilha! Se quiser pode
aquecê-lo com piri-piri. O melhor do cozinhado é que nem precisa de ajustamento, mas, pelo
sim pelo não, um programa cautelar poderá prevenir queimaduras de eventuais salpicos. Porém, se a fritura tiver sido boa, o bicho terá uma saída limpa da caçarola.
O que não interessa, de todo, é garantir-lhe grande longevidade,
guardá-lo como se estivéssemos à procura de um record para o Guiness Book. Deixá-lo
prevalecer é um risco sério. O animal multiplica-se pandemicamente, como há
exemplos pelo mundo fora. Sustentá-lo dois, três anos, ou mais, é um
desperdício. E mais, quanto maior for o tempo que nós lhe concedamos maior será o deserto.
"O que não interessa, de todo, é garantir-lhe grande longevidade, guardá-lo como se estivéssemos à procura de um record para o Guiness Book. Deixá-lo prevalecer é um risco sério."
ResponderEliminarVamos ver se vai desta.
EliminarGENIAL!!!! :)))
ResponderEliminarMais cáustico que a soda.
Aquele abraço!
É bom que se vá aquecendo o azeite para o fritar. A festa é em Maio, não é?
Eliminar~ Uma publicação muito divertida e espirituosa, Agostinho.
ResponderEliminar~ Uma interessante receita da culinária tradicional portuguesa.
~ Mas os saborosos petiscos de outrora, andam preteridos a favor de mais leves...
~ O leporídeo desastrado a que se refere, pagará a sua leviandade no jardim zoológico nacional, não precisará, nem de grades, nem de etiqueta, pois todos o identificarão como o mais perigoso da sua espécie.
~ Tem razão, é urgente provar-lhe, que não temos medo dele. ~
~ ~ ~ Um dia sorridente e aprazível. ~ ~ ~
Já comeu coelho frito?
EliminarVá-se preparando, é em Maio.
A ironia é um grande talento, amigo...
ResponderEliminarAbraço.
Obrigado Graça. Vamos temperando como sabemos.
EliminarConclui-se, destarte, que o gajo já se está a fazer duro demais!! E os coices que dá tornar-se-ão cada vez mais letais...
ResponderEliminarE não há quem lhe dê a totiçada...
Poderá não dar grande pitéu na caçarola, mas o povo ficava mais... eu não queria dizer seguro... Irra! Estamos cercados de todos os lados...
Realmente a conjunção dos astros não está de feição, Sinceramente, Sincera_mente. Há de haver uma forma.
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